A vítima era mãe da adolescente e as motivações seguem em investigação
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), em conjunto com a Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), cumpriu, na quinta-feira (21/08), mandado de prisão temporária de Renato do Vale Costa, de 25 anos, apontado como o autor do homicídio de Francisca Alves Praia, que tinha 48 anos, e apreendeu uma adolescente, de 12 anos, por ato infracional análogo ao mesmo crime.
A vítima era mãe da adolescente e foi morta no domingo (17/08), na rua das Garças, bairro Monte das Oliveiras, zona norte.
O delegado Ricardo Cunha, titular da DEHS, chamou atenção para a gravidade da forma em que o crime foi praticado e para a atuação célere da Polícia Civil, por meio das investigações.
“Em apenas quatro dias, a DEHS conseguiu identificar o responsável pelo homicídio, agravado pela crueldade em que foi praticado contra a vítima, que é uma pessoa com deficiência (PcD). Além disso, o crime também contou a participação da filha da vítima, uma adolescente, e por isso a DEHS trocou informações com a Deaai, a qual representou pelo mandado de busca e apreensão e a internação dela”, disse o titular da DEHS.
Crime e investigações
Conforme o delegado Adanor Porto, adjunto da DEHS, as investigações iniciaram quando a vítima foi encontrada sem vida dentro da própria residência, com marcas de ferimentos causados por arma branca, cerca de 12 horas após o crime.
“Na noite de domingo, a mulher foi encontrada morta em sua residência, e sem roupas. Além disso, a casa estava com vários objetos revirados, o que nos levou a apurar, inicialmente, a possibilidade de latrocínio e abuso sexual, que segue em investigação. O caso foi denunciado pela filha mais velha de Francisca, de 18 anos”, explicou o delegado adjunto.
Segundo o delegado, de forma imediata, as diligências foram iniciadas. Com o avançar das investigações, a equipe policial conseguiu identificar que o Renato, vizinho de Francisca, seria o autor do homicídio.
“Desta forma, solicitamos à Justiça pela sua prisão temporária e, após as buscas, ele foi preso na quinta-feira. Em interrogatório, ele confessou o crime e relatou como foi a dinâmica dos fatos, inclusive, afirmando que teria agido a mando da filha da vítima, de 12 anos, com quem ele mantinha um relacionamento escondido”, informou o delegado.
Segundo o delegado, o infrator mencionou ainda que, na madrugada do crime, estava ingerindo bebidas alcoólicas, quando a adolescente o procurou e pediu para que ele matasse Francisca, em razão da relação conturbada e discussões constantes que ela tinha com a mãe.
“Entre as motivações para as discussões, seriam de que Francisca não deixava a filha sair e nem ter relacionamentos. O autor, na esperança de continuar com o relacionamento com a adolescente, executou o homicídio. Ele invadiu a casa, entrou pelo telhado e foi até a cozinha, onde se armou de uma faca e seguiu para o quarto dela. No local, em ato contínuo, desferiu várias facadas no pescoço de Francisca”, disse o delegado.
O delegado também relatou que, além da motivação mencionada, há uma segunda linha de investigação que aponta que os envolvidos tinham conhecimento e interesse em R$ 17 mil de benefícios que a vítima receberia em razão de sua deficiência. “O caso não foi plenamente elucidado e segue em investigação. Assim que tivemos conhecimento da participação da adolescente no crime repassamos as informações para a Deeai”.
De acordo com o delegado Luiz Rocha, titular da Deaai, assim que foram acionadas, foi representado pelo mandado de busca e apreensão e a internação da adolescente, os quais foram deferidos pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM).
“Conseguimos localizá-la também na quinta-feira. Em interrogatório, ela confirmou que tinha um relacionamento conturbado com a mãe, porém negou qualquer participação na empreitada. Inclusive, a adolescente relatou que não tinha relacionamento com o autor, de 25 anos, e que apenas ele tinha interesse nela”, informou o delegado.
O indivíduo tem 17 passagens criminais, sendo que a maioria é por roubo. Um procedimento pelo crime de estupro de vulnerável também será remetido na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e Ao Adolescente (Depca).
O homem responderá por homicídio e está à disposição da Justiça. A adolescente responderá por ato infracional análogo ao crime de homicídio e ficará sob a responsabilidade do Juizado da Infância e Juventude Infracional.
FOTO: Erlon Rodrigues/PC-AM.