Ilustrador infantil revela mitos e verdades dessa profissão!
Você já se perguntou se é realmente necessário ter uma formação para se tornar ilustrador? No universo da ilustração, muitos artistas trilham caminhos diferentes, alguns com diplomas em artes ou design, outros sendo completamente autodidatas. Mas, no fim das contas, o que pesa mais: a formação acadêmica ou um portfólio bem construído? Para entender melhor essa questão, o professor especialista em ilustração infantil Guilherme “Laqua” Bevilaqua, coordenador da primeira Pós-graduação em Ilustração Infantil autoral do Brasil, compartilha sua visão e experiência sobre o assunto.
O ensino superior em artes plásticas, design ou artes visuais é fundamental, e traz mais credibilidade ao ilustrador, sendo uma possível garantia de reconhecimento profissional. Porém, é essencial que o ilustrador em formação busque cursos livres e especializados para complementar a formação acadêmica, aprender novas técnicas e construir conexões.
“No mercado da ilustração, de modo geral, não é obrigatório ter formação superior. Um portfólio forte, autoral, com diferencial e bem direcionado costuma ser suficiente. Porém, a formação acadêmica pode trazer mais prestígio, ajudar no posicionamento profissional e melhorar o desempenho em negociações. Além disso, o conhecimento adquirido e o networking feito na universidade são vantagens que a vida autodidata dificilmente oferece”, explica o professor Laqua.
Ele também destaca que o caminho do autodidata costuma ser mais longo e desafiador. “Os tutoriais presentes no YouTube não são suficientes, além de serem desorganizados. É possível aprender bastante por conta própria, mas formações e mentorias complementares são muito mais proveitosas e aceleram o desenvolvimento do ilustrador.”
Para quem deseja atuar especificamente com ilustração infantil, é preciso desenvolver habilidades e conhecimentos específicos para criar narrativas visuais envolventes e cativar o público infantil, que exige muita atenção aos detalhes.
“Um ilustrador de livros infantis com diferencial deve dominar a criação de personagens para desenvolver figuras icônicas e memoráveis. Também é importante ter domínio do desenho gestual, para dar vida e expressividade aos personagens. Além disso, o conhecimento de cinema e animação ajuda a compor cenas que valorizam a narrativa do livro. Por fim, dominar técnicas de finalização, sendo de forma tradicional ou digital, é essencial para entregar uma arte de qualidade profissional”, destaca o ilustrador.
Embora a graduação seja o caminho mais tradicional e escolhido por muitos ilustradores, existem outras formas de se aperfeiçoar sem cursar o ensino superior.
É possível se profissionalizar sem uma formação acadêmica. Existem diversos cursos livres focados em ilustração, criação de personagens e ilustração infantil que preparam o artista para o mercado. Outra alternativa é investir em cursos internacionais, embora mais caros por serem cobrados em dólar, são bem avaliados e reconhecidos.
Ilustradores autodidatas e aqueles com formação acadêmica tendem a desenvolver estilos e abordagens diferentes, refletindo suas trajetórias de aprendizado. Autodidatas costumam explorar técnicas e linguagens visuais com mais liberdade, guiados por referências pessoais e prática constante.
“Há autodidatas que se dedicam profundamente e conseguem não só se qualificar tecnicamente, mas também entender como o mercado funciona. Porém, eles são minoria. A maioria enfrenta muitas dificuldades, aceita valores baixos ou assina contratos desfavoráveis, que acabam protegendo mais o cliente do que o próprio ilustrador. Quem passa pela formação acadêmica, por outro lado, sai com mais preparo e segurança, o que traz uma vantagem competitiva”, explica o especialista.
“Enfim, eu apoio a formação superior. Hoje, existem cursos tecnológicos mais curtos e com preços acessíveis, que oferecem uma base sólida para quem quer se profissionalizar”, conclui o professor Laqua.