58% dos jovens adultos sentem ‘vazio existencial’; outros 19% dizem não ter ninguém em quem confiar para obter apoio social
São Paulo, outubro de 2025 – No Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, segundo a Harvard Graduate School of Education, 58% dos jovens adultos relataram ter experimentado pouca ou nenhuma sensação de propósito ou significado em suas vidas no último mês. O índice revela um vazio existencial em meio a um cenário global de crises e mostra que, apesar do avanço da era digital e da inteligência artificial, falta espaço para as conexões humanas e o sentido de viver.
Aliado a isso, o World Happiness Report 2025 revela que 19% dos jovens adultos globalmente relataram não ter ninguém em quem confiar para obter apoio social. Apesar de estarem hiperconectados digitalmente, a Geração Z enfrenta uma epidemia de solidão, com poucas relações humanas profundas e falta de afeto.
Renata Rivetti, especialista na ciência da felicidade e bem-estar, ressalta que a crise da solidão e a crise do sentido da vida andam em conjunto e que a sociedade não está compreendendo a urgência e a gravidade do tema. Somado a isso, os jovens também lidam com crises econômicas, climáticas, desigualdade crescente, sobrecarga e pressão por resultados.
“Não podemos mais fechar os olhos para essa realidade nem cair na armadilha de achar que os jovens não suportam nada. Eles estão sofrendo e precisam do nosso apoio. Apenas exigir que enfrentem o mundo sem medo não resolve. É fundamental reconhecermos nossos erros como sociedade para buscarmos mudanças concretas”, afirma Rivetti.
Soluções
Um dos caminhos para ajudar a Geração Z a superar este estado de apatia e solidão, segundo Rivetti, é estimulá-los a buscar o autoconhecimento. “Procuramos desesperadamente o sentido da vida sem perceber que, talvez, o que realmente podemos construir é sentido na vida. Não precisamos de um propósito raro e extraordinário, mas podemos escolher viver uma experiência pessoal com consciência e significado.”
Além disso, as gerações mais velhas precisam encarar de frente a urgência desse cenário. A sociedade não pode ignorar a gravidade da crise de solidão e infelicidade entre os mais jovens. Assumir a responsabilidade é o primeiro passo para a transformação: “Precisamos reconhecer que estamos falhando como sociedade. Só assim será possível mudar e oferecer condições para que esses jovens enfrentem o mundo com mais segurança e menos isolamento. O que protege os jovens da solidão é a certeza de que eles têm a quem recorrer nos momentos difíceis”, destaca Rivetti
Outro caminho para resgatar a vitalidade da Geração Z está na recuperação dos sonhos e da esperança. Ainda que a realidade seja desafiadora, os jovens precisam sentir que a vida vale a pena ser vivida. “Mesmo pequenas ilusões podem ser combustível para a alegria. O
essencial é que eles não percam a capacidade de sonhar e de acreditar em um futuro possível”, sugere Rivetti.
Resgatar a Geração Z da solidão, portanto, passa por três frentes: fortalecer vínculos reais, assumir a responsabilidade coletiva pela crise e reacender nos jovens a chama dos sonhos.
Sobre Renata Rivetti
Especialista na ciência da felicidade, Renata Rivetti é fundadora da Reconnect, diretora do 4 Days Week no Brasil, palestrante, consultora, colunista da Fast Company Brasil e autora do livro “O Poder do Bem-estar: um guia para redesenhar o futuro do trabalho”. É formada em Administração pela FGV-EAESP, com pós-graduação em Psicologia Positiva na PUC-RS e especialização em Estudos da Felicidade na Happiness Studies Academy, além de possuir diversas certificações em bem-estar e saúde mental no trabalho nas universidades Harvard, da Pensilvânia e outras instituições