– Estudo revela que adultos buscam retomar o papel de orientadores de jovens e crianças no uso das tecnologias, priorizando a proteção da privacidade, a ética digital, o equilíbrio no tempo de tela e a identificação de fake news
– “Pais e professores concederam à geração Z a autonomia do conhecimento digital. E hoje, aqueles que convivem com jovens e crianças começam a reivindicar novamente o papel de guias e orientadores”, alerta a Dra Betina von Staa, educadora e co-realizadora da pesquisa
Estudo identifica que pais e educadores têm preocupações convergentes sobre o uso da tecnologia por jovens e crianças. O levantamento avaliou 363 respostas quantitativas e 182 qualitativas, com 69% dos respondentes com idades entre 40 e 59 anos. Foi realizado em setembro, por meio da imprensa, whatsapp e instagram e reforçou que pais e educadores acreditam que os jovens precisam de orientações no aprendizado consciente sobre o uso da tecnologia e que a realidade digital é mais importante do que conhecimentos para o futuro profissional.
Além disso, os respondentes enumeraram os itens que mais os preocupam: aprender a lidar com proteção de dados e privacidade (89%); desenvolver o comportamento ético e responsável no ambiente digital (88%); saber gerir o tempo de tela e a prevenção de impactos à saúde mental ( 88,6%) e aprender a identificar fake news e manipulações algorítmicas (84,5%) das respostas.
O levantamento foi realizado pela Doutora em Linguística Aplicada, que se dedica há mais de 20 anos à tecnologia educacional, Betina von Staa, e por Léo Salomone, pesquisador e engenheiro, pela Universidade Carleton-Canadá, com ampla atuação na carreira de tecnologia para a educação.
Segundo a Dra von Staa, a pesquisa foi idealizada para apoiar educadores na implantação da Política Nacional de Educação Digital (PNED), que vira lei em toda a rede escolar no próximo ano letivo. E identificou que as prioridades indicadas pela sociedade, pais e pelos próprios educadores é atuar como orientadores no uso da tecnologia, o que confirma que as gerações Z e Alfa (nascidos de 1995 em diante) não estão preparadas para lidar com esses temas, contrariando as previsões relacionadas ao mito dos Nativos Digitais, discutidas desde o ano 2000.
“Um movimento ganha força: a retomada do empoderamento dos adultos quando o assunto é tecnologia. Desde o final da década de 90, pais e professores concederam à geração Z a autonomia do conhecimento digital. E hoje, educadores, pais e profissionais que convivem com jovens e crianças reivindicam o papel de guias e orientadores. A percepção é clara: os jovens precisam de referências sólidas, e os adultos estão dispostos a reassumir essa responsabilidade.”, alerta von Staa.
Vozes da pesquisa
– Fortaleza – Nodja Holanda, professora da Escola Estadual profissionalizante de Fortaleza, Maria Ângela de Silveira Borges defende o empoderamento de pais e educadores nessa missão. “Com certeza as crianças precisam sim de uma educação para formarem realmente uma concepção acerca da tecnologia, assim como as demais disciplinas que a gente também oferece no processo de aprendizado. Se você tem um letramento digital, se você conhece e sabe onde buscar as informações corretas, eu acredito que você faz a diferença com relação à tecnologia na escola”, destaca.
– “A privacidade de dados é um dos pontos fundamentais. O mesmo para o controle de tempo de tela”. A professora conta que tem feito um estudo sobre o uso excessivo de telas e afirma: “A gente já sabe que uma criança pequena de 0 a 5 anos tem problema de atenção sustentada quando faz uso muito cedo de telas. Então, essa é uma informação muito importante para os pais e para os adolescentes que já têm uma concepção e uma consciência do tempo de uso”, pontua.
– Florianópolis – Para a profissional de Marketing de Florianópolis, Mônica Silvestre Camargo Cruz, 51 anos e mãe de uma adolescente de 15 anos, o maior desafio é o controle de tempo de tela. Ela percebe que inserir o uso consciente da tecnologia é uma preocupação da escola e também dos pais. No entanto, há uma distância entre querer trazer esse assunto para a rotina e conseguir que esse mesmo jovem absorva essas orientações.
– “O que mais me preocupa no excesso de tempo de tela de crianças e adolescentes são as referências que eles recebem. Eles são bombardeados por conteúdos comerciais, ilusórios e por modelos de vida e comportamento distorcidos, muito diferentes do que desejamos para eles.
– Isso tem impacto direto na saúde mental, especialmente entre as meninas, que vivem uma pressão enorme para alcançar um padrão de beleza idealizado nas redes sociais. Vejo isso em casa: minha filha passa horas cuidando do cabelo e da aparência, influenciada por esse universo onde tudo parece perfeito — o corpo, a pele, a roupa.
– Essas comparações geram insegurança e insatisfação com a própria imagem, e muitas vezes percebo expressões e falas que claramente vêm de conteúdos das redes, como TikTok ou Instagram. É um reflexo de como o digital molda o que nossos filhos pensam e sentem sobre si mesmos.
– Sobre os autores
– Betina von Staa – possui 25 anos de atuação na área de tecnologia educacional. É Doutora em Linguística Aplicada, Mestre em Análise do Discurso, Graduada em Letras. Atuou na Positivo Informática e foi responsável por trazer a D2L, empresa canadense de plataformas de aprendizagem, para o Brasil, atuando como Diretora de Vendas para América Latina. Coordena a elaboração de conteúdos digitais ou impressos para a Educação Básica e ensino superior, com foco em inovação.
– Leo Salomone – Bacharel em Engenharia de Comunicações, pela Universidade Carleton (Canadá), como o 1º aluno da turma. Soma atuação de oito anos na Blackberry (Canadá) como líder de equipe de pesquisa e desenvolvimento no início da revolução dos smartphones. Foi Diretor de Soluções para a América Latina na Blackboard, Gerente de implantação da D2L e Diretor Comercial para a América Latina da Anthology.
– Canteiro Criativo – liderado por Betina von Staa (fundadora e diretora pedagógica) e Léo Salomone (sócio e diretor de tecnologia e Operações), o Canteiro Criativo é uma empresa voltada a oferecer soluções de educação digital no ambiente educacional. Principais diferenciais: análises do cenário educacional, no Brasil principalmente sob 3 aspectos:
– 1) Aspecto comportamental e pilares (9 áreas do conhecimento da Educação Digital e Soluções de Letramento Digital);
– 2) Aspecto regulatório e legal – BNCC / PNED;
– 3) Aspecto de mapeamento para oferta de soluções práticas e eficazes.