Allan Gallo, professor de Economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
A vitória legislativa de Javier Milei na Argentina marca um ponto de inflexão político e institucional. Após dois anos de ajuste severo, o presidente conseguiu transformar as eleições de meio de mandato em um plebiscito sobre sua política econômica — e venceu. O Libertad Avanza ampliou sua base para 92 cadeiras na Câmara e 19 no Senado, garantindo poder de veto e aproximando-se da maioria necessária para aprovar reformas estruturais.
O resultado reflete mais do que aprovação popular: sinaliza que parte expressiva da sociedade argentina decidiu sustentar a estabilidade conquistada a duras penas. A inflação mensal, que superava 25% em 2023, caiu para 2,1% e o país voltou a registrar superávit primário. O voto em Milei foi menos um prêmio e mais um estímulo de confiança em quem demonstrou disciplina fiscal, enfrentando o gasto público e a monetização da dívida.
Essa consolidação institucional redefine o eixo político argentino e evidencia que o peronismo, historicamente dominante, perdeu o monopólio das classes populares e viu seu poder de bloqueio no Congresso ruir. Com apoio externo do Tesouro americano e de um novo acordo com o FMI, Milei conquista espaço para avançar em reformas trabalhistas, tributárias e federativas.
Enquanto a Argentina caminha para consolidar regras permanentes de austeridade, o Brasil observa de longe, insistindo em promessas de responsabilidade fiscal que não resistem ao déficit crescente. A lição argentina é clara e se expressa na constatação de que a estabilidade não nasce de discursos, mas de instituições capazes de impor limites ao populismo, razão pela qual o país vizinho parece ter redescoberto o valor da disciplina econômica como fundamento da democracia.
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