Celebrado em 19 de novembro, o Dia Internacional do Homem traz à tona uma reflexão importante: se cuidar também é coisa de homem.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens representam cerca de 75% dos casos de suicídio no mundo. No Brasil, a taxa entre o público masculino é quatro vezes maior do que no feminino. Isso não significa que eles sofram mais do que as mulheres, mas revela que muitos ainda têm dificuldade em reconhecer suas fragilidades e procurar apoio emocional. O silêncio diante do sofrimento pode ter consequências graves.
Mesmo com o avanço das conversas sobre saúde mental, os consultórios ainda são ocupados majoritariamente por mulheres. A resistência masculina à terapia segue como um desafio e, segundo o psicólogo Filipe Colombini, o problema tem raízes culturais profundas.
“Desde pequenos, os meninos aprendem que devem ser fortes, duros e autossuficientes. Essa ideia de masculinidade, moldada por uma cultura machista, faz com que muitos associem vulnerabilidade à fraqueza. O resultado é um silêncio emocional que traz sofrimento”, explica o especialista.
O tabu em torno do autocuidado e das emoções ainda é um dos maiores obstáculos. “Muitos homens foram ensinados a reprimir sentimentos como medo, tristeza ou insegurança. Quando o assunto é saúde mental, o preconceito é ainda maior e problemas como depressão e ansiedade costumam ser tratados como frescura”, acrescenta ele.
Para Colombini, o caminho para transformar esse cenário passa pelo autoconhecimento. “A terapia é um espaço seguro para questionar esses padrões e compreender que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, e sim de coragem. Vulnerabilidade também é força”, afirma.
Ele destaca que emoções mal compreendidas podem evoluir para quadros mais sérios, e que iniciar um processo terapêutico é fundamental para evitar que isso aconteça. “Na terapia, o homem encontra ferramentas para lidar com as pressões da vida moderna, rever crenças ultrapassadas e construir uma relação mais saudável consigo mesmo e com os outros”, completa.
Em tempo: o apoio de familiares, amigos e colegas de trabalho é essencial para ajudar os homens a reconhecerem a importância de cuidar da mente. “Buscar terapia é um ato de coragem. Precisamos desconstruir a ideia de que o homem precisa aguentar tudo sozinho. Cuidar da saúde mental é, na verdade, uma demonstração de força e maturidade emocional”, finaliza Colombini.
Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.




