Mobilização inter-religiosa e cultural reúne lideranças religiosas, artistas e movimentos sociais
Centenas de pessoas entre lideranças religiosas, ativistas, representantes dos povos originários, movimentos sociais, artistas e coletivos participaram da Vigília pela Terra, realizada na Praça Batista Campos, nesta quinta-feira, dia 13 de novembro, em Belém. O encontro promoveu o bloco ‘Vozes pela Terra’ com manifestações de lideranças de diferentes espiritualidades e religiões com falas e reflexões e intervenções artísticas em defesa do meio ambiente. A iniciativa Vigílias pela Terra viabiliza articulações e sensibilização a partir de diferentes grupos religiosos para fortalecer ações no enfrentamento à crise climática. O evento é uma mobilização inter-religiosa, promovida pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) em interlocução com vários parceiros que une espiritualidade, arte e cultura em prol da justiça climática.
Em junho de 1992, o ISER promoveu a primeira vigília inter-religiosa ‘Um Novo Dia para a Terra’, no Aterro do Flamengo, no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92). Mais de 30 mil pessoas se uniram para dar o grito em defesa da Terra, entre elas lideranças religiosas como Dalai Lama (budismo), Dom Helder Câmara (catolicismo) e Mãe Beata de Iemanjá (religiões de matriz africana). A mobilização deu origem ao Movimento Inter-Religioso (MIR-RJ) e resultou no documentário ‘Uma Noite Pela Terra’, disponível no canal do Youtube do ISER.
Assim como em 1992, o mundo volta seu olhar para o Brasil, desta vez para Belém do Pará, a capital amazônica, que sedia a COP 30. É neste contexto que a Vigília pela Terra retorna, reafirmando que fé e meio ambiente caminham juntos. Neste ano, as Vigílias reuniram centenas de pessoas em todas as regiões do Brasil, levando as pautas ambientais climáticas que estão sendo pautadas na COP 30 para os territórios brasileiros.
A Vigília pela Terra apresentou uma programação especial, marcada por momentos de espiritualidade, música, escuta, diversidade religiosa e manifestações coletivas pela justiça climática. A atividade teve início no Tapiri Ecumênico e Inter-religioso, na Catedral Anglicana Santa Maria, com uma caminhada que seguiu para a Praça Batista Campos. Ao longo da noite, três blocos do “Vozes pela Terra” reuniram representantes de tradições como Candomblé, Umbanda, representantes das igrejas Anglicana, Católica, Luterana e Pentecostal, comunidades indígenas, tradições espirituais como Brahma Kumaris, Santo Daime, Budismo e a juventude do coletivo Boto Fé no Clima. As apresentações musicais do grupo Ayrakyrã também marcaram o encontro.
Para Clemir Fernandes, diretor-adjunto do ISER, o ato realizado em 1992, que reuniu líderes de mais de 30 diferentes denominações, representou o início da conexão entre agendas ambientais e espirituais.
“Desde maio deste ano, fizemos vigílias regionais em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Recife e Natal, e agora chegamos a Belém com muita gente do mundo inteiro que está aqui. Neste ato, temos pessoas de diversas tradições religiosas, e construímos isso com muito carinho, mas também com muita coragem para seguir na luta pela justiça climática”, explicou Fernandes.
Para Isabel Pereira, Coordenadora de Meio Ambiente e Religião do ISER, a COP 30 vem sendo considerada um marco mundial fundamental para o enfrentamento da crescente crise climática.
“Apesar das limitações dos avanços por meio das negociações durante a conferência, temos a oportunidade de fazer o tema chegar a mais pessoas. A população precisa estar convencida da necessidade de enfrentar essa crise e do potencial transformador que sua mobilização pode gerar, especialmente considerando seus territórios e agendas locais”, pondera.
Durante a COP 30, o ISER também está co-responsável pela realização de eventos em parceria com o Tapiri Ecumênico e Inter Religioso COP 30, que serão realizados nos dias 12 a 15 de novembro, em espaços da Igreja Anglicana de Belém.
Pela primeira vez, o Brasil sedia a Conferência do Clima, em Belém do Pará, na Amazônia Brasileira, dos dias 10 a 22 de novembro. A conferência reúne líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir ações que combatam as mudanças climáticas, proponham políticas públicas de justiça climática, apresentem inovações tecnológicas e de financiamento para adaptação e mitigação dessa crise e mais.




