Com o tema global “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes”, a Maternidade Dr. Moura Tapajóz (MMT), da Prefeitura de Manaus, promoveu, nesta segunda-feira, 17/11, programação de prevenção e conscientização alusiva ao “Dia Mundial da Prematuridade”, celebrado hoje, e à campanha “Novembro Roxo”, que alerta as famílias e toda sociedade sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los e informa a respeito das consequências do nascimento antecipado para o bebê.
A programação foi aberta com a presença especial de Pedro Daniel da Costa Pereira. Nascido em 25 de outubro de 2010 na MMT, com somente 30 semanas e pesando apenas 1.275 gramas, Pedro foi um prematuro extremo, em razão do baixo peso. Durante seu processo, apresentou diversas condições características de bebês prematuros, como dificuldade digestiva e respiratória, e infecções. Pedro recebeu alta da maternidade em 14 de dezembro de 2010, totalmente saudável, com 2.315 gramas e recebendo aleitamento materno exclusivo.
Pedro é filho da segunda gravidez de Maria Sônia Marães da Costa, com 39 anos na época. Ela conta um pouco da sua experiência como mãe de prematuro.
“Para mim, a Moura Tapajóz é uma maternidade de referência. Foram dias difíceis até a alta do Pedro, mas fiquei o tempo todo ao lado dele, na maternidade, hospedada no albergue, acompanhando todo o processo, recebendo apoio e assistência, e a palavra que define tudo que vivi na Moura Tapajóz é gratidão. Sou grata a cada profissional que cuidou do meu filho dentro da UTI e UCI neonatal”, disse.
Sônia relata que Pedro Daniel recebeu alta com orientações sobre todos os demais passos que deveriam ser seguidos para sua plena recuperação e ela seguiu tudo à risca. “A parte que cabe à família no tratamento também é de suma importância. Meu filho foi acompanhado por neonatologista, neurologista, oftalmologista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, nutricionista, dentista e psicólogo. Tudo pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, destacou.
Pedro Daniel foi aprovado recentemente por suas notas no Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e vai iniciar, em 2027, o curso técnico de Química.
Em seguida, a pediatra da MMT, Thaiza Maria Oliveira, realizou uma palestra sobre a assistência necessária aos recém-nascidos prematuros para garantir começos saudáveis e futuros brilhantes. A médica apresentou dados que mostram o Brasil em 10º lugar mundialmente entre as nações que mais registram casos de prematuridade. São, em média, 330 mil bebês ao ano, que nascem antes das 37 semanas de gestação. Em todo mundo, são 15 milhões de crianças prematuras todos os anos.
Na Moura Tapajóz, em 2024, foram 317 partos de bebês prematuros e, até outubro deste ano, foram 232 casos. Thaiza destacou que a assistência ao recém-nascido prematuro começa com cuidados pré-natais adequados na gestação e passa pela assistência especializada no momento do parto.
“Temos que focar em medidas simples como a assistência adequada desde o momento do nascimento, na sala de parto e transporte adequado para UTI neonatal. Além disso, o contato pele a pele, quando possível, o método canguru, seguindo com os cuidados intensivos na UTI Neonatal, além do acompanhamento médico e psicológico contínuo. Precisamos olhar o bebê prematuro com outro olhar, um olhar especializado, com mais foco”, concluiu a pediatra.
A diretora da MMT, enfermeira obstetra Núbia Pereira da Cruz, também reforçou que ações simples que reduzam custos e tragam grande resultado, como é o caso do contato pele a pele, necessitam ser implementadas e difundidas o mais rapidamente possível.
As vantagens do método pele a pele são o aumento do vínculo mãe-filho, menor tempo de separação entre os dois, estímulo ao aleitamento materno, maior competência e confiança dos pais nos cuidados ao filho de baixo peso, menor número de recém-nascidos em unidades de cuidados intermediários, melhor relacionamento da família com a equipe de saúde, diminuição da infecção hospitalar e menor permanência hospitalar.
“É muito gratificante ver o quanto nossa maternidade vem avançando. Todos empenhados em realizar os processos com cuidado e precisão, seguindo os protocolos com expertise e buscando sempre o melhor atendimento para nossos usuários”, declarou a diretora. Núbia lembrou que, como Hospital Amigo da Criança, a Moura Tapajóz já tem como prioridade a separação zero e o contato pele a pele e, no caso dos bebês prematuros, disponibiliza um alojamento para acolher as mães dos bebês internados na UTI Neonatal da unidade.
O alojamento, conhecido como albergue, garante um maior contato da mãe com o bebê e uma maior qualidade na atenção às mães que, no período delicado do pós-parto, precisam permanecer na maternidade para acompanhar seus recém-nascidos internados.
“Anteriormente, a orientação era de que o bebê ficasse em contato pele a pele com a mãe por ao menos uma hora ao dia. Hoje, entretanto, os estudos comprovam que esse tempo tem que ser bem maior para redução dos riscos das mortalidades. Aqui na maternidade, conversamos com as famílias para que elas entendam a importância do seu papel no processo. A família é chamada para estar dentro da unidade neonatal, para ser parte do cuidado, parte da equipe”, ressaltou a médica neonatologista e coordenadora do Ambulatório de Follow Up da Maternidade Dr. Moura Tapajóz, Briza Rocha.
A programação seguiu com uma roda de conversa sobre o “Método Canguru: etapas e cuidados especializados para o pleno desenvolvimento do bebê”, que ainda acontecerá novamente nos dias 18 e 28/11, nos períodos da manhã e noite. A Moura Tapajóz ainda promoverá um quiz para seus servidores com perguntas sobre a temática do evento e premiações para os primeiros lugares.
Prematuridade
A condição é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade no mundo. Segundo informações da Organização Não Governamental (ONG) prematuridade.com, o Brasil é o décimo país no ranking mundial de partos prematuros e, em 2021, eles representaram 11,8% dos nascimentos. Na região Norte, esse percentual sobe para 14,1%. O município de Manaus, no entanto, apresentou uma redução de 8,75% em 2020, para 8,25% em 2021, no mesmo período, números bem abaixo da média nacional.
A prematuridade extrema ocorre quando o bebê nasce com menos de 28 semanas de gestação. Já a prematuridade tardia acontece entre 34 e 36 semanas e seis dias. Porém, sem um acompanhamento especializado, ambas as situações podem trazer consequências para a criança.
Ainda segundo a ONG prematuridade.com, as crianças que nascem precocemente, além do risco alto de mortalidade, também podem ter outros problemas, como dificuldades no desenvolvimento digestivo, respiratório, de linguagem e do desenvolvimento global.
No Brasil, em 8 de setembro deste ano, foi publicada a Lei nº 15.198, que instituiu o mês de novembro como “Novembro Roxo”, dia 17 de novembro como “Dia Nacional da Prematuridade” e a semana que o contiver como “Semana da Prematuridade”.
Entre as principais causas obstétricas para a prematuridade, estão a hipertensão materna, a diabetes gestacional e a pressão alta ou pré-eclâmpsia. Outros fatores também podem levar ao parto prematuro, como o hábito de fumar, o consumo de álcool, drogas, estresse, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, obesidade, baixo peso e distúrbios de coagulação.
Doação de leite humano
Os bebês prematuros são os principais receptores do leite humano doado à maternidade Dr. Moura Tapajóz.
“Muitas vezes, as mães de bebês prematuros não conseguem amamentar. E o leite humano é o melhor alimento para qualquer criança e fundamental para os bebês que estão doentes, principalmente os internados nas UTIs neonatais. Então, as doações podem literalmente salvar vidas”, destacou Núbia Cruz.
Toda mulher saudável que esteja amamentando pode ser voluntária e ajudar a salvar a vida de vários recém-nascidos, inclusive aquelas que não tiveram seus filhos na Moura Tapajóz.
Para doar, a mulher não precisa sequer sair de sua casa. A coleta domiciliar pode ser agendada por meio do telefone (92) 98842-8514 (somente mensagem de WhatsApp), de segunda a sexta-feira, em horário comercial, ou a doação pode ser realizada presencialmente na própria sede da maternidade, localizada na avenida Brasil, n°1.335, bairro Compensa 1, zona Oeste, todos os dias, no horário das 8h às 17h.
Texto – Marcella Normando/Semsa
Foto – Divulgação/Semsa
