Ambiente econômico estimula diversificação, mas demanda estruturas sólidas para proteger ativos no exterior
A queda recente do dólar frente ao real, somada ao ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, tem ampliado o interesse de investidores brasileiros por ativos internacionais. Em paralelo, o Ibovespa vem renovando topos históricos, impulsionado pela entrada de capital estrangeiro e pela melhora das condições macroeconômicas globais, criando um cenário estratégico para quem deseja diversificar portfólio, dolarizar patrimônio ou investir no mercado imobiliário americano.
Segundo o International Debt Statistics 2024, divulgado pelo Banco Mundial, períodos de enfraquecimento do dólar tendem a direcionar mais capital para economias emergentes, e o Brasil tem sido um dos principais destinos desse movimento. A combinação entre fluxo estrangeiro, fundamentos domésticos mais sólidos e maior apetite por risco contribuiu para o fortalecimento do real nas últimas semanas.
Segundo André Peniche, advogado tributarista e especialista em investimentos internacionais, o comportamento atual da moeda americana reflete um conjunto de fatores internos e externos, que criam um ambiente favorável para quem pensa em internacionalizar patrimônio. “Hoje nós estamos vendo o dólar em um patamar menos pressionado, em torno de R$ 5,27, resultado de uma combinação de fatores externos e internos. Do lado internacional, o principal vetor é a perspectiva de ciclo de corte de juros nos Estados Unidos. Quando o Federal Reserve sinaliza que os juros norte-americanos podem cair, os títulos do Tesouro americano ficam relativamente menos atraentes, o apetite por risco global aumenta e parte desse capital migra para mercados emergentes, como o Brasil”, diz o advogado.
Um levantamento recente da National Association of Realtors (NAR) mostra que o volume de imóveis adquiridos por estrangeiros nos Estados Unidos voltou a crescer em 2024, registrando alta em estados como Flórida, Texas e Califórnia, regiões historicamente procuradas por brasileiros. A pesquisa também indica tendência de valorização de imóveis residenciais e comerciais em áreas metropolitanas, favorecendo quem busca renda de aluguel ou aquisição com potencial de ganho de capital no médio prazo.
Parte dos efeitos da movimentação também se reflete na Bolsa brasileira. De acordo com Andreia S. Costa, advogada especialista em investimentos internacionais, a queda do dólar traz impacto direto sobre o apetite do investidor estrangeiro. “Quando o dólar se desvaloriza, ativos brasileiros ficam relativamente mais baratos para o investidor internacional, o que aumenta o interesse por ações negociadas na B3, especialmente em setores como commodities, bancos e consumo interno.”
Para Peniche, o movimento é positivo, mas exige preparação jurídica e tributária adequada. “A melhoria de percepção sobre o Brasil ajuda o câmbio, e o câmbio mais estável facilita o retorno do investidor estrangeiro para a Bolsa. Com o dólar menos volátil, o risco de perda cambial diminui, e muitos papéis brasileiros seguem baratos quando convertidos para dólares. Esse movimento de entrada de capital estrangeiro é justamente o que tem ajudado a sustentar o Ibovespa em patamares elevados.”
Além do impacto sobre o mercado acionário, o momento também abre espaço para estratégias de diversificação internacional por parte de brasileiros. Segundo Andreia S. Costa, o real mais forte favorece o planejamento global. “O câmbio atual reduz o custo para alocar capital no exterior, seja em ações, ETFs ou no mercado imobiliário americano, permitindo que o investidor monte uma carteira internacional com menor impacto cambial inicial.”
A decisão entre investir no Brasil ou no exterior deve considerar objetivos patrimoniais de longo prazo, proteção cambial e diversificação. Em um contexto de dólar mais baixo, juros americanos em trajetória de queda e mercado imobiliário dos EUA aquecido, o investimento internacional tende a oferecer maior eficiência tributária, redução de riscos e ampliação da exposição global, especialmente quando estruturado de forma adequada do ponto de vista jurídico e fiscal.
Peniche reforça que o momento exige não apenas atenção às condições econômicas, mas também preparo técnico para investir fora do país. “O investidor precisa olhar para o patrimônio como um organismo global. O câmbio oportuno, somado à possibilidade de comprar ativos internacionais com desconto relativo e ao ambiente de juros mais baixos nos EUA, cria uma janela privilegiada para dolarizar parte da carteira. Com planejamento jurídico e tributário adequado, é possível transformar o cenário atual em uma estratégia sólida de proteção, crescimento e longevidade patrimonial”, conclui.
Sobre André Peniche
André Peniche, com mais de 20 anos de experiência no mercado, é sócio-fundador da Murta Peniche Sociedade de Advogados, liderando as áreas de planejamento tributário e investimentos. Com passagens por grandes instituições financeiras e empresas, André se destaca pela sua expertise em otimização fiscal e pela atuação no mercado global, com foco em investimentos internacionais e expansão de negócios. Além disso, é Introducing Broker e Money Manager para o Swissquote Bank, oferecendo soluções inovadoras no setor financeiro.




