A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), promoveu, na manhã desta terça-feira, 5/3, uma ação de saúde na comunidade Parque das Tribos, no bairro Tarumã-Açu, zona Oeste, marcando o início oficial da campanha anual de Mobilização e Luta contra a Tuberculose.
A ação foi realizada na Maloca do Parque das Tribos com a oferta de atendimento médico com clínico geral, infectologista e pediatra; coleta de exame de escarro para sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse por duas semanas ou mais); aferição de pressão arterial, da glicemia e avaliação de medida antropométrica; atividades educativas sobre tuberculose; testagem rápida para HIV (Autoteste); e disponibilização de preservativos.
A campanha segue até o dia 27/3, com a intensificação das ações de prevenção e controle da doença nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) com foco na identificação de novos casos e na avaliação dos contatos do paciente com tuberculose, que são as pessoas que convivem de forma próxima e prolongada com pacientes diagnosticados com tuberculose ativa.
O subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, Djalma Coelho, destacou a importância para que a população procure uma unidade de saúde quando houver sintomas da tuberculose, como tosse por duas semanas ou mais, perda de peso, falta de apetite, febre baixa no final da tarde, suor noturno, dor no peito e nas costas.
“A atual gestão tem feito todo o investimento na detecção precoce da doença, na oferta de exames para o diagnóstico, assim como o tratamento em todas as unidades de saúde da rede municipal. Todo o trabalho é feito para que a gente consiga resolver esse problema de saúde pública que atinge a população, principalmente as pessoas mais vulneráveis, em risco nutricional e imunossuprimidas”, afirmou Djalma Coelho.
Em 2023, Manaus registrou 2.816 casos de tuberculose, o que representa 124 casos por 100 mil habitantes, colocando o município como a capital brasileira de maior incidência da doença. Este ano, o número de registros chegou a 277 casos de tuberculose.
Segundo o chefe do Núcleo de Controle da Tuberculose da Semsa, enfermeiro Alexandre Inomata, a campanha é mais uma estratégia para alertar a população sobre a doença, ampliando as informações para o público em geral sobre sintomas, diagnóstico, formas de transmissão e prevenção.
O enfermeiro ressaltou que a tuberculose tem tratamento e cura, e que o Ministério da Saúde tem como meta eliminar a tuberculose como problema de saúde pública até 2030. Para isso, a Semsa vem fortalecendo os serviços de saúde para intensificar a conscientização sobre a doença e reforçar a busca ativa de novos casos.
“A campanha vai intensificar as ações realizadas durante o ano na rotina de atendimento, em parceria com as escolas, promovendo palestras, reforçando a oferta do exame de escarro para pessoas com sintomas e a avaliação das pessoas que são contatos dos pacientes diagnosticados com a doença”, informou Inomata.
Durante a ação de saúde, a diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (Dvae/Semsa), Marinélia Ferreira, alertou que as pessoas que convivem de forma próxima e prolongada com pacientes diagnosticados com tuberculose ativa também devem procurar uma unidade de saúde para avaliação por um profissional.
“A tuberculose é uma doença transmissível e os contatos dos pacientes com a tuberculose ativa, principalmente os que vivem no mesmo domicílio, devem ser examinados para diagnosticar ou descartar a doença, ou para identificar casos da tuberculose latente, que ocorre quando uma pessoa foi infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, mas ainda não apresenta a tuberculose ativa. No caso da infecção latente, a rede de saúde oferece o tratamento preventivo para evitar que o paciente desenvolva a doença no futuro”, destacou Marinélia.
A coordenadora estadual do Programa de Controle da Tuberculose da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), Lara Bezerra, informou que o Amazonas, que é o estado com maior incidência da doença no Brasil, está desenvolvendo a campanha abordando o tema “A prevenção é a melhor estratégia”.
Segundo a coordenadora, a prevenção da tuberculose pode ser feita com estratégias como: vacinação com a BCG recomendada para recém-nascidos a menores de cinco anos, que protege as crianças contra as formas graves da doença; o diagnóstico precoce para o início do tratamento, o que vai interromper a cadeia de transmissão após 15 dias do início da tomada de medicamentos; e o tratamento preventivo da tuberculose para os casos da tuberculose latente.
“Um quarto da população mundial é infectada pelo Mycobacterium tuberculosis ou em algum momento da vida teve contato com bactéria. Essas pessoas não apresentam sinais e sintomas da doença. Mas entre essas pessoas infectadas, de 5% a 10% vão adoecer por tuberculose nos próximos anos”, apontou Lara.
Os grupos com maior risco de adoecimento, explicou Lara, são os contatos dos pacientes com a tuberculose ativa, as pessoas vivendo com HIV/Aids e pessoas com doenças imunossupressoras.
“Assim, a estratégia principal é identificar esses grupos e investigar para a infecção latente, que tem o tratamento preventivo que reduz em até 90% o risco do desenvolvimento da tuberculose ativa. Com isso, é possível quebrar a cadeia de transmissão antes mesmo de se tornar um caso de tuberculose”, destacou a coordenadora, lembrando que uma pessoa com tuberculose, sem tratamento, pode infectar em torno de oito a 15 pessoas a cada ano.
Para a moradora do Parque das Tribos, Elcineia Marinho, do povo Apurinã, as orientações sobre a tuberculose são importantes para que as pessoas entendam a gravidade da doença.
“Muitas pessoas não se importam com a tuberculose, não levam a sério a doença. Por isso é importante ter ações de saúde, para que as pessoas entendam que é uma doença que vai agravando e atinge o pulmão, que é um órgão muito importante, mas que tem tratamento e cura”, destacou Elcineia.
Transmissão
Doença infecciosa e transmissível, a tuberculose é causada da micobactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta prioritariamente os pulmões. O principal sintoma é a tosse (seca ou com catarro) e por isso a recomendação é para que pessoas com tosse por duas semanas ou mais sejam examinadas, procurando uma das Unidades de Saúde da rede municipal para a realização de exames.
A transmissão da doença ocorre quando, ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa, ainda sem iniciar o tratamento, lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas, ou seja, o bacilo é transmitido pelo ar e a infecção acontece pela respiração. Por outro lado, a tuberculose não pode ser transmitida pelo sexo, sangue contaminado, pelo beijo, copos ou talheres, pela roupa ou outros objetos.
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Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa