Novo modelo de microcrédito já movimentou mais de R$ 100 milhões nas regiões Norte e Centro-Oeste, promovendo inclusão financeira e segurança alimentar
Brasília (DF) – A implementação do microcrédito rural para agricultura familiar foi uma das contribuições do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) para que o Brasil saísse novamente do Mapa da Fome. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) divulgou, nesta segunda-feira (28), que o Brasil está abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente.
Essa conquista é resultado de decisões políticas do Governo Federal que, por meio de intensas articulações interministeriais, priorizou a diminuição das desigualdades sociais, o estímulo à geração de emprego e renda, o apoio à agricultura familiar e o combate à fome.
Nesta terceira gestão do Presidente Lula, os recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento reforçaram a disseminação do microcrédito rural para as regiões Norte e Centro-Oeste. O novo AgroAmigo já movimentou mais de R$ 100 milhões entre dezembro de 2024 e julho de 2025, e avançará ainda mais com um novo orçamento de R$ 1 bilhão, anunciado no início deste mês.
O Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou que o AgroAmigo exerce impacto direto sobre a produção nacional de alimentos, uma vez que promove a inclusão produtiva e o acesso de grupos agrícolas tradicionais à soluções financeiras diferenciadas do mercado. “O microcrédito é um instrumento decisivo que garante às pessoas das mais distintas atividades participarem do processo de desenvolvimento que o país está passando”, declarou.
O novo AgroAmigo é operado pela Caixa Econômica Federal e pode ser utilizado para diversas finalidades, desde investir em melhorias de infraestrutura, a custear despesas do dia a dia da produção. Ele é destinado a agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que abrange grupos diversos, como assentados, ribeirinhos, extrativistas, pescadores, indígenas e quilombolas.
Acesso à política pública
Para garantir que o AgroAmigo seja acessível, o MIDR investe em duas iniciativas: a realização de mutirões de serviços em parceria com estados e municípios, e o credenciamento de agências de crédito que atuam de forma local.
Uma delas é o Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), que promove a formação de agentes de créditos vinculados a negócios comunitários, como associações, cooperativas e sindicatos, a fim de fortalecer as cadeias produtivas locais, especialmente as da biodiversidade. Os ativadores de crédito são selecionados a partir de um ciclo de capacitações da Conexsus que inclui temas como introdução e operacionalização do crédito rural, educação financeira e equidade de gênero. Há, também, uma formação complementar em boas práticas agroecológicas.
O Coordenador da Rede de Ativadores de Crédito Socioambiental da Conexsus, Renan Augusto Miranda Matias, explicou que a seleção dos ativadores de crédito prioriza pessoas que já têm relação com as cooperativas e conhecimento prévio dos setores produtivos locais. “São essas pessoas que visitam cada uma das unidades de produção familiar da região. É o ativador de crédito que explica as condições do contrato de microcrédito — como os prazos e rebatimentos —, e que faz o acompanhamento das famílias com foco em gerar adimplência e futuras renovações”, afirmou.
A Conexsus conta com mais de 50 ativadores de crédito em exercício na região Norte, com destaque para os estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. Atualmente, a instituição tem parceria com 26 organizações comunitárias e está em processo de expansão para o Amapá e Roraima, visando formar ao menos 30 novos ativadores ao fim das atividades da última formação.
Alimentos da biodiversidade
Até o momento, as cadeias produtivas fortalecidas pelo AgroAmigo com o apoio da Conexsus foram manejo de mínimo impacto de açaí nativo, cacau, cupuaçu, castanha, mandioca, farinha de mandioca, além de sistemas de produção artesanal do pirarucu. O fortalecimento dessas atividades produtivas é essencial para garantir renda no campo com preservação ambiental e valorização dos saberes tradicionais.