Rio de Janeiro – O capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Willian Oliveira, que ajudou a resgatar uma mãe e dois filhos mantidos por 17 anos em cárcere privado descreveu o cenário dentro da casa e a aparência das vítimas que ficavam sem comida e sem higiene.
Luiz Antonio Santos da Silva foi preso e vai responder por sequestro ou cárcere privado; vias de fato; maus-tratos e crime de tortura contra a própria família na cidade de Guaratiba, na zona oeste do RJ. A mulher e os três filhos foram libertados na quinta-feira (28) após uma denúncia anônima.
Em entrevista à Record TV Rio, o policial contou que dois jovens de 19 e 22 anos, eram aprisionados pelo próprio pai e tinham a aparência de crianças provavelmente por falta de desenvolvimento adequado.
“Naquele cenário, não tive dúvida de que eram crianças. No momento em que cheguei, o menino estava muito agitado. Ele tinha uma deficiência intelectual, a menina também. E ele estava no colo dela. Pensei que eram duas crianças. Quando a gente achou o registro, a gente viu a idade, a gente não acreditou. O menino tinha 19, e a menina 22. Acredito até que pela subnutrição, não tiveram um desenvolvimento adequado e, realmente, a aparência era de crianças”, disse.
Em depoimento à polícia, a mulher revelou que os filhos eram acorrentados, amarrados e nunca frequentaram a escola, proibidos pelo marido Segundo o depoimento, tanto ela quanto os filhos eram agredidos física e psicologicamente. A vítima que estava casada há 23 anos tentou se separar várias vezes, mas era ameaçada pelo marido.
Vizinhos contam que agressor colocava som alto na casa
Os vizinhos da família mantida em cárcere privado contaram que Luiz Antonio, conhecido como DJ, era conhecido por manter o som alto dentro da casa o dia inteiro. Segundo os moradores, o portão da casa raramente era aberto. U vizinho tentou oferecer pão para a mulher e os filhos, mas o Luiz jogou a comida fora.
Alguns vizinhos chegaram a denunciar o crime. O Conselho Tutelar de Guaratiba declarou que acompanhava o caso há dois anos e que havia registrado boletim de ocorrência, além de ter comunicado à Vara da Infância e da Juventude.
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) disse não ter sido comunicado de que a violência não havia sido interrompida. A Promotoria acrescentou que a atuação do Conselho Tutelar e da rede de proteção está sendo apurada.
A Delegacia de Atendimento à Mulher de Campo Grande informou que o caso foi apresentado por policiais militares e que o autor foi autuado em flagrante pelos crimes de tortura, cárcere privado e maus-tratos. A investigação está em andamento.
Fonte: D24am.