Foto: Danilo Mello/Aleam
Estima-se que o Amazonas registre 610 novos casos de câncer do colo do útero por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A taxa de mortalidade por esse tipo de câncer no estado é alta, com uma média de 23 mortes por mês, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP). Manaus, capital do estado, apresenta uma taxa de incidência ainda mais elevada, com 51,94 casos a cada 100 mil mulheres.
Ciente desse cenário e atenta à necessidade de alertar a população sobre o tema, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) realizou nesta quarta-feira (6/8), durante a Sessão Ordinária, uma Cessão de Tempo em favor da Dra. Mônica Bandeira de Mello, médica oncologista e coordenadora do Centro Avançado de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero do Amazonas (CEPCOLU).
A Cessão de Tempo foi uma iniciativa do deputado Delegado Péricles (PL), com o objetivo de prestar contas dos 100 dias úteis de atuação do CEPCOLU, inaugurado pelo Governo do Estado no último dia 10 de março, anexo à estrutura da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), fortalecendo ainda mais a rede estadual de combate ao câncer.
“Encaminhei emendas parlamentares para que esta importante ferramenta ajude a acabar com essa triste realidade de sermos o estado recordista no número de mulheres mortas por câncer de colo do útero”, afirmou o deputado, informando que, em 100 dias úteis, praticamente já foram realizadas tantas cirurgias quanto as executadas em todo o estado durante um ano.
Em pronunciamento na tribuna do Plenário Ruy Araújo, a Dra. Mônica Bandeira declarou que cumpre a obrigação de prestar contas ao Parlamento Estadual, uma vez que o CEPCOLU recebeu apoio dos deputados estaduais, que destinaram emendas para que o hospital – o primeiro do tipo hospital-dia no estado – fosse construído com o objetivo de realizar cirurgias de conização, procedimento essencial para a retirada de lesões pré-cancerígenas.
A médica ressaltou que a prevenção só faz sentido — com a realização do exame preventivo, teste de HPV e biópsia de colo do útero para a detecção precoce de células cancerígenas — se for garantido à mulher o acesso à conização do colo do útero.
“A mulher fica com o resultado do exame nas mãos, sem poder tratar”, afirmou a médica, destacando a importância do CEPCOLU.
Segundo a Dra. Mônica, antes da existência do hospital, a FCecon conseguia realizar, no máximo, 500 conizações por ano. Desde março, após a inauguração do CEPCOLU, já foram realizadas 382 conizações.
“O Amazonas tem hoje um aparelho poderoso, que causará impacto positivo de caráter humanitário e econômico”, afirmou Bandeira de Mello, explicando que, com o funcionamento do Centro, evita-se a ocupação de leitos hospitalares, cirurgias de alta complexidade, radioterapia, quimioterapia, colostomia, hemodiálise, entre outros procedimentos. “O momento é de fortalecer o CEPCOLU e de tornar pública sua existência, para que as mulheres busquem cada vez mais este recurso”, completou.
O presidente da Aleam, Roberto Cidade (UB), e os deputados Wilker Barreto (Mobiliza) e Sinésio Campos (PT) manifestaram-se após o pronunciamento da médica, parabenizando pelo trabalho desenvolvido.
O presidente Cidade colocou a Casa Legislativa à disposição para a construção de políticas públicas que beneficiem a saúde da população.
“Em outubro vai iniciar o período em que os deputados podem apresentar emendas ao orçamento de 2026, e eu proponho que façamos reuniões entre os parlamentares e a coordenação do CEPCOLU, para que possamos destinar mais recursos para o hospital”, declarou Cidade, destacando ainda que a legislação determina que 50% das emendas parlamentares sejam destinadas à área da saúde.