Após quase dois meses de circulação entre a capital e o interior do Amazonas, o Auto do Carão encerrou sua primeira temporada com um espetáculo emocionante em Manacapuru, nesta terça-feira, 13 de maio. A cidade, distante cerca de 71 km de Manaus, foi palco da última apresentação do projeto Ciranda Viva, que teve início em março na Escola Municipal Procópio Maranhão, em Iranduba, na região metropolitana.
Idealizado pelo professor Jean Suwa, que também assina a direção geral, o projeto nasceu com o propósito de celebrar e resgatar tradições culturais do Amazonas, com foco nas cirandas, uma das manifestações folclóricas mais expressivas do Brasil e símbolo do estado. Por meio de apresentações musicais e teatrais, oficinas artísticas e palestras culturais, o projeto alcançou milhares de estudantes de escolas estaduais e municipais, promovendo integração, valorização e pertencimento.
“Encerramos a primeira temporada com muita emoção, em Manacapuru, a cidade das cirandas. A proposta cumpriu seu papel: levar aos jovens e educadores um profundo contato com as manifestações culturais amazônicas, preservando memórias e garantindo a continuidade desses saberes”, afirmou Suwa.
Espetáculos, oficinas e palestras
A primeira temporada contou com dez apresentações do espetáculo musical e teatral, além de cinco oficinas artísticas e três palestras culturais em dez escolas previamente selecionadas, todas com ligação direta à história das cirandas. Em Manaus, seis instituições participaram, entre elas a Escola Waldir Garcia, no bairro Alvorada. Iranduba teve três escolas envolvidas, escolhidas pela relação com Silvestre, fundador da Ciranda de Manaus. Já em Manacapuru, o encerramento aconteceu na cidade onde nasceu a primeira ciranda: a Ciranda de Nazaré — homenageada no tradicional Festival de Cirandas, o maior evento cultural do município.
Sobre o espetáculo
Inspirado na obra literária Auto do Carão, de Jean Batista da Cunha (Jean Suwa), lançada em 2024 pela Editora Appris, o espetáculo é uma sátira aos padrões de vida urbana da Amazônia no início do século XX. Com personagens típicos e canções originais, a peça faz uma crítica social e cultural acessível e envolvente, aproximando o público estudantil das raízes folclóricas amazônicas. Diferente de montagens tradicionais em grandes palcos, o Auto do Carão foi pensado para acontecer dentro das próprias escolas públicas, alcançando diretamente comunidades que nem sempre têm acesso à produção cultural.
Oficinas e formação cultural
Durante os meses de março e abril, oficinas de dança, música e teatro foram ministradas por artistas locais: Lucas Almeida (Loki), Jessé Batista da Cunha (Jessé Bass) e Giselle Chagas. Cada oficina envolveu 30 alunos, que puderam aprender coreografias, músicas e personagens do Auto do Carão, aprofundando o contato com a tradição das cirandas.
Além das oficinas, as palestras culturais reforçaram o papel da educação no resgate e valorização do patrimônio imaterial da região, com destaque para o envolvimento direto da comunidade escolar.
Patrocínio e continuidade
O Projeto Ciranda Viva foi viabilizado por meio da Lei Rouanet Norte 2023, do Ministério da Cultura, e contou com patrocínio do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Correios.
Com previsão de retorno no segundo semestre de 2025, a equipe já articula a segunda temporada do projeto. “Nosso desejo é nos consolidar como uma grande produtora cultural no Amazonas, defendendo um nicho valioso como o da ciranda, das danças populares e das manifestações folclóricas, não em grandes arenas, mas junto às pessoas, com significado e presença real”, conclui Jean Suwa.
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