O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (16) que “não está tudo certo” na sua relação com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e fez críticas à postura política de seu ex-ministro e afilhado político.
“Não está tudo certo. Eu não mando no Tarcísio. Ele é um baita de um gestor. Politicamente dá suas escorregadas. Eu jamais faria certas coisas que ele faz com a esquerda”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Gaúcha.
Bolsonaro contemporizou dizendo em seguida que os governadores dependem do governo federal e não podem se afastar dele. Mas disse que, se fosse ele, não apareceria em uma foto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Eu não tiraria [a foto]. Aí eu sou radical. O que eu tenho a ganhar com Haddad, meu Deus do céu? O que eu tenho a ganhar com o pior prefeito de São Paulo.”
Procurado, o Governo de São Paulo, por meio da assessoria, disse nesta quinta que não iria comentar as declarações do ex-presidente.
A então mais recente crise pública entre Bolsonaro e Tarcísio havia ocorrido em julho. Ela foi deflagrada na ocasião pela articulação da Reforma Tributária após a declaração de inelegibilidade do ex-presidente e expôs uma relação de críticas e acenos entre os dois políticos.
Apesar de este ser o principal desentendimento, outras situações já geraram atritos entre o chefe do Executivo de São Paulo e a base bolsonarista, como a relação com o presidente Lula (PT), o espaço dado no governo e o pragmatismo diante de políticas públicas vistas como progressistas.
Nesta quinta, na mesma entrevista à rádio, Bolsonaro falou sobre a manifestação do 7 de Setembro de 2022, que rendeu a ele a seu ex-candidato a vice Walter Braga Netto condenação e inelegibilidade no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Bolsonaro foi questionado sobre o coro de “imbrochável”, algo que não se enquadraria no argumento defendido por sua defesa ao TSE de que as manifestações eram uma homenagem à nação, e não a ele mesmo.
“Quem falou em ‘imbrochável’ é mentira. Você não vê em lugar nenhum isso. Se vê, por favor bote no ar. Mentira do presidente do TSE. […] Então é mentira essa questão do imbrochável”, disse.
Naquele dia, diante de milhares de apoiadores em Brasília, o coro foi puxado por seus seguidores e reforçado por ele próprio ao microfone no ato. Bolsonaro disse à rádio que não o fez ao microfone.
“Ali no carro de som longe, quando tinha acabado o desfile, num carro de som, um cara gritou ‘imbrochável’ embaixo e eu falei pra ele ‘imbrochável’. Sem usar o microfone”, disse Bolsonaro.
Questionado se se sentia traído pelo fato do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, ter firmado acordo de delação premiada, Bolsonaro negou.
“Não tenho preocupação com acordo firmado de parte de ninguém contra a minha pessoa porque eu não devo nada a ninguém. Nossos advogados não tiveram acesso à delação ainda. Eu só posso fazer juízo de valor com o conhecimento da peça. Não tem o que falar a meu respeito sobre joias, sobre vacina e sobre golpe também. A imprensa me acusa de dar golpe desde janeiro de 2019”, disse.
Ao falar sobre os cartões de vacinação que levaram a Cid, Bolsonaro se queixou de não poder falar abertamente sobre determinados temas, pois pode ser perseguido pela Justiça.
“Discutir vacina dá prisão. Dá desmonetização, dá derrubada de página. Você não pode discutir vacina. Mesmo que você tenha estudos de fora apontando efeitos colaterais você não pode falar em vacina no Brasil. Assim como não pode falar em urna eletrônica. Dá cadeia. Fecha a tua rádio. Multam vocês. Esta é a democracia aqui no Brasil”, declarou.
Mesmo após reclamar da severidade das penas impostas aos manifestantes que depredaram Brasília em 8 de janeiro, Bolsonaro disse acreditar que os atos foram articulados pela esquerda para incriminar seus apoiadores.
“Isso não é narrativa. Essas pessoas de esquerda estavam na frente e quebraram tudo. Esse pessoal simpático a nós, que participou de várias manifestações pelo Brasil dando exemplo de urbanidade, foram atraídas”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente aponta que Lula teria viajado ao interior de São Paulo, onde ele visitava áreas afetadas por enchentes, para facilitar a armação. “Armado pela esquerda. Dado tudo que você vê. Dado tudo que aconteceu. Ainda do presidente, na manhã de domingo, ir para Araraquara para tirá-lo da cena do grande crime que estava sendo planejado. Quando o pessoal chegou, alguns entraram lá e já estava tudo quebrado lá dentro. As imagens mostram isso.”
Bolsonaro e a mulher, Michelle Bolsonaro, estarão no Rio Grande do Sul nesta sexta (17) para um ato de filiação ao PL de pré-candidatos a prefeito e vice-prefeito em 2024.
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