A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), seja afastado da relatoria das investigações que apuram a existência de uma organização criminosa envolvida em uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. A defesa argumenta que Moraes não pode ser interessado e juiz ao mesmo tempo, uma vez que o próprio ministro aparece como alvo das supostas ações dos golpistas.
Ao protocolarem a petição, os advogados de Bolsonaro também pleitearam a devolução do passaporte do ex-presidente, que havia sido apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, autorizada por Moraes. Além disso, Bolsonaro foi proibido de deixar o país e de se comunicar com os demais investigados. A defesa destaca que a própria Polícia Federal, em sua petição, afirmou de forma incontestável que Moraes seria a vítima central dos fatos investigados, destacando os planos de ação que visavam diretamente o ministro.
A Operação Tempus Veritatis resultou no cumprimento de 48 medidas cautelares contra diversos investigados, incluindo ex-assessores diretos de Bolsonaro e militares da ativa e da reserva. Essas medidas representam uma resposta do Estado ao suposto envolvimento dessas pessoas em ações que ameaçavam a ordem democrática e a estabilidade institucional.
A defesa de Bolsonaro sustenta que Moraes teria determinado medidas cautelares contra pessoas que supostamente lhe infligem receio pessoal. Ou seja, segundo a peça da defesa, o ministro teria assumido, ao mesmo tempo, a condição de vítima e de julgador. Essa argumentação visa evidenciar um possível conflito de interesses por parte de Moraes na condução do caso.
Pedido de afastamento
O pedido de afastamento do ministro Alexandre de Moraes foi encaminhado ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso. O requerimento é assinado por sete advogados, incluindo Paulo Cunha Bueno, renomado criminalista, e Fabio Wajngarten, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, que passou a representar Bolsonaro posteriormente.
Relatório da Polícia Federal e as acusações contra Bolsonaro
Em um relatório enviado ao Supremo, a Polícia Federal informou ter encontrado indícios de que Bolsonaro teria recebido e solicitado alterações em uma minuta de decreto com intenção de realizar um golpe de Estado. Esse documento, segundo a PF, previa intervenção na Justiça Eleitoral e a prisão de Moraes. As acusações contra o ex-presidente são graves e demonstram a extensão das investigações em curso.
O pedido de afastamento do ministro Alexandre de Moraes feito pela defesa de Jair Bolsonaro representa mais um capítulo na disputa jurídica envolvendo as investigações sobre uma suposta organização criminosa e uma tentativa de golpe de Estado. A defesa argumenta que Moraes não pode ser imparcial no caso, uma vez que ele próprio é alvo das ações dos supostos golpistas. Resta aguardar a análise do pedido pela presidência do STF e acompanhar o desdobramento desses acontecimentos que têm impacto direto na política brasileira.
AM POST