A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que é falso o registro de imunização contra a covid-19 que consta no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os auditores responsáveis pela investigação verificaram inconsistências nas informações apontadas no documento enviadas pelo Ministério da Saúde.
O caso foi remetido à Corregedoria-Geral da União, área da CGU, que instaurou um inquérito para apurar os fatos sob suspeita do possível envolvimento de agentes públicos federais no caso.
De acordo com os dados no sistema do Ministério da Saúde, no Cartão Nacional de Vacinação de Bolsonaro há um registro de aplicação do imunizante em 19 de julho de 2021 na Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Peruche, em São Paulo (SP). Outros dois registros de imunização, que teriam ocorrido em Duque de Caxias (RJ), haviam sido efetuados por agentes municipais, mas cancelados antes mesmo do início das investigações pela CGU.
Em relação a esses últimos, os auditores verificaram, logo no início das diligências, a existência de um possível esquema de fraude envolvendo o secretário de Governo do município fluminense. A descoberta desse esquema resultou na Operação Venire da Polícia Federal, que revelou também o envolvimento de agentes públicos federais e municipais na fraude, além do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-Coronel Mauro Cid, preso em maio de 2023.
A CGU constatou, por meio de informações fornecidas pela Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pelo transporte aéreo do então presidente da República, que ele voou de São Paulo para Brasília um dia antes da data da suposta vacinação, em 18 de julho, e permaneceu na capital pelo menos até 22 de julho.
Foram levantadas também informações sobre o lote da vacina que teria sido aplicada em Bolsonaro. Os dados deram conta de que tal lote não estava disponível, naquela data, na unidade paulista em que teria ocorrido a imunização.
A Controladoria-Geral da União informou que ouviu diversos funcionários da UBS Parque Peruche, incluindo a enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante. Ela negou o procedimento e informou que já não trabalhava mais na unidade naquela data, o que foi confirmado por documentos. Todos as pessoas ouvidas e que trabalham no posto de saúde disseram não ter visto o ex-presidente na unidade em 19 de julho. Também não foi localizado nos documentos de registro da UBS naquela data a presença de Bolsonaro por lá para se vacinar.
O Tempo