variante do novo coronavírus descoberta em Manaus pode provocar uma megaepidemia no país em 60 dias. É o que teme o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Segundo a avaliação do ex-ministro em entrevista à TV Cultura, tal cenário pode ocorrer com a transferência de pacientes da capital amazonense para outros estados e a falta de controle.
Assim, a nova cepa seria “plantada” em todo o território brasileiro, agravando a situação da pandemia no Brasil. Vale ressaltar que há indícios de que a variante aumenta a transmissibilidade do vírus.
“A quinta crise (que estamos enfrentando) é essa história dessa cepa, dessa variante em Manaus, que o mundo inteiro está fechando os voos para o Brasil e o Brasil está, não só aberto normalmente, como está retirando paciente de Manaus e mandando para Goiás, mandando para a Bahia, mandando para outros lugares sem fazer os bloqueios de biossegurança”, disse.
“Provavelmente, a gente vai plantar essa cepa em todos os territórios da federação e daqui a 60 dias a gente pode ter uma megaepidemia”, completou.
As outras quatro crises enfrentadas pelo Brasil ao longo da pandemia apontadas por Mandetta na entrevista seriam: a sabotagem do presidente Jair Bolsonaro ao sistema de prevenção; a defesa do uso da cloroquina que “contaminou a política do tratamento”; pouco alcance da testagem; e o discurso desestimulante de Bolsonaro à vacina.
Variante detectada em Manaus
A cepa brasileira de origem ligada a Manaus foi identificada pela primeira vez no dia 9 de janeiro, em viajantes que chegaram ao Japão depois de passarem pela capital amazonense. Com uma nova onda de casos, o sistema de saúde de Manaus entrou em colapso pela segunda vez desde que a doença começou a se espalhar.
O que mais preocupa, segundo profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate à doença, é que, ao que parece, a variante do vírus encontrada no estado é mais rápida e fatal em alguns casos.
As mudanças no tempo de manifestação da doença também são preocupantes. Há informações de que a saturação dos pacientes cai de maneira muito mais rápida e silenciosa. Ou seja, a saúde do paciente pode se agravar de uma hora para outra.
A cepa de Manaus já foi registrada na cidade de São Paulo e em diversos países, como Itália, Estados Unidos, Alemanha e Japão. Além dela, existem outras duas variantes que preocupam por conta de indícios de maior transmissibilidade: a britânica, detectada em 70 países, e a sul-africana, presente em pelo menos 31 países, conforme dados da OMS.
FONTE: UOL