Um dia depois de sua contundente vitória em Iowa, Donald Trump começou, na terça-feira (16), a cortejar os eleitores do estado de New Hampshire, mas, nesta quarta (17), volta para Nova York, onde comparecerá a uma audiência judicial de um caso de difamação apresentado por uma jornalista que já conseguiu derrotá-lo em outro processo no ano passado.
“Cedo esta manhã (quarta-feira) irei a uma caça às bruxas de Biden”, disse Trump a uma multidão na localidade de Atkinson, em New Hampshire, estado do nordeste dos Estados Unidos, onde acontecem as próximas primárias republicanas em 23 de janeiro.
“Voltarei para Nova York esta tarde e amanhã pela manhã irei a um desses falsos casos. Esse é meu calendário para os próximos quatro ou cinco dias”, disse o ex-presidente.
Centenas de seus partidários esperavam por ele em meio a uma intensa nevada. “Vai vencer as primárias de forma esmagadora, certeza”, disse Loribeth Calderwood, que se apresenta como “mãe e garçonete”.
Para Edward X. Young, que comparece habitualmente aos comícios de Trump e que viajou “11 horas” de carro por conta do clima ruim, “está claro, deveriam interromper as primárias, ele é o candidato republicano, basta”.
De fato, o magnata de 77 anos deu um passo gigante para uma nova disputa em novembro com o presidente Joe Biden pela Casa Branca, após ganhar nesta segunda 98 dos 99 distritos eleitorais de Iowa.
Tribunal
Antes de se dirigir a New Hampshire, o republicano teve de se apresentar à Justiça de Nova York. Donald Trump compareceu na terça-feira (16) ao tribunal de Nova York, onde começou a ser julgado por difamação em um processo movido pela escritora E. Jean Carroll, de 80 anos, que já ganhou outra ação contra ele por agressão sexual no ano passado.
A ex-colunista da revista Elle reivindica 10 milhões de dólares (48,7 milhões de reais, na cotação atual) em indenização por danos à sua reputação profissional.
Segunda a imprensa judiciária presente na sala, os dois protagonistas não trocaram olhares durante as primeiras horas da audiência dedicada à seleção dos nove membros do júri deste julgamento, que deve durar vários dias.
Este novo julgamento se concentra nas declarações que o republicano de 77 anos fez em junho de 2019, depois de Carroll ter mencionado acusações de agressão sexual em um artigo de revista e em um livro.
Na época, o então presidente disse que Carroll “não fazia o seu tipo” e que ela inventou toda essa história para “vender seu novo livro”. Na semana passada, em um tribunal próximo, outro julgamento foi concluído contra o magnata e dois de seus filhos por fraude fiscal.
Agora New Hampshire
Trump tem pelo menos seis datas de audiências civis e criminais pendentes, mas que, por ora, não parecem prejudicar sua carreira política, muito pelo contrário.
Favorito à indicação de seu partido para as eleições presidenciais de 4 de novembro, o republicano descreveu as diferentes batalhas judiciais que enfrenta como uma “caça às bruxas”.
As primárias em New Hampshire, que acontecem na semana que vem, estão abertas a eleitores que não estejam filiados a nenhum partido, o que poderia favorecer uma candidata como Nikki Haley, percebida como mais de centro.
“É contra Trump que eu luto”, disse ela na segunda-feira, ao afirmar não estar preocupada com o governador da Flórida, Ron DeSantis, com políticas duras sobre imigração e aborto, e que ficou em segundo em Iowa, com 21% dos votos.
Mas, se o ex-presidente Trump voltar a ganhar em New Hampshire, será extremamente difícil para Nikki Haley e Ron DeSantis permanecerem na disputa.
‘Trabalhar ainda mais duro’
O presidente Joe Biden, cuja campanha tenta decolar, conta com um aumento da rejeição a Trump entre os eleitores independentes, à medida que o ano avança.
“Temos que trabalhar ainda mais duro agora. Se Donald Trump for nosso oponente, devemos esperar ataques mesquinhos, mentiras intermináveis e gastos escandalosos”, escreveu Biden na terça-feira em um e-mail destinado a doadores para sua reeleição.
O democrata, de 81 anos, tem pouca ou nenhuma concorrência para a indicação de seu partido, que será decidida em agosto, apesar do efeito negativo de sua idade entre os eleitores. (AFP )
O Tempo