No terceiro dia da trégua temporária na Faixa de Gaza, o grupo terrorista Hamas entregou neste domingo (26) mais 17 reféns à Cruz Vermelha no âmbito do acordo com Israel. São 13 israelenses, 3 tailandeses e 1 russo, também considerado cidadão israelense, este último libertado em um aceno ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Confirmada a soltura, chega a 54 o número de pessoas que deixaram o cativeiro no território palestino desde o início do cessar-fogo -foram soltas 24 na sexta-feira e 17 no sábado, sendo 13 israelenses por dia e o restante, estrangeiros.
Minutos depois da soltura, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, divulgou um vídeo da visita do premiê às tropas na Faixa de Gaza, neste domingo.
“Estamos fazendo todos os esforços para devolver os nossos reféns e, eventualmente, iremos devolvê-los a todos”, afirmou o Netanyahu, que visitou um dos túneis do Hamas descobertos pelas tropas israelenses, segundo seu gabinete.
“Continuaremos até o fim, até a vitória. Nada vai nos parar e estamos convencidos de que temos o poder, a força, a vontade e a determinação para alcançar todos os objetivos da guerra, e iremos fazê-lo”, acrescentou ele.
Na véspera, impasses atrasaram a libertação de reféns após o Hamas acusar Tel Aviv de não cumprir os termos do acordo ao limitar a entrega de ajuda humanitária na porção norte da faixa, área mais devastada pelos ataques israelenses.
Neste domingo, foi Israel quem acusou o grupo terrorista de limitar a entrada de caminhões na região. O Cogat, o órgão do Ministério da Defesa de Israel que supervisiona as atividades civis nos territórios palestinos, publicou no X uma foto do que diz ser o bloqueio. “Para o Hamas, os residentes de Gaza são a última prioridade”, afirmou o Cogat.
Havia ainda o temor de que novas mortes registradas neste domingo prejudicassem o já delicado acordo entre as partes em conflito. Um agricultor palestino foi morto e outro ficou ferido, ambos alvos de forças israelenses no campo de refugiados Maghazi, na região central de Gaza, informou o Crescente Vermelho Palestino.
Também neste domingo, as forças israelenses mataram sete palestinos, incluindo dois menores e pelo menos um homem armado, na Cisjordânia, de acordo com médicos e informantes locais. Cinco das mortes ocorreram na cidade de Jenin, que os militares israelenses disseram ter invadido para deter um palestino procurado por supostamente ter se envolvido numa emboscada letal na Cisjordânia, em agosto.
As Brigadas Jenin, um grupo armado local, afirmaram que seus combatentes lutaram contra as tropas de Israel, mas não forneceram detalhes sobre vítimas. Contudo, testemunhas locais relataram que pelo menos um dos palestinos mortos em Jenin era um conhecido membro das Brigadas.
A morte de um sexto palestino ocorreu em Yatma, um vilarejo perto da cidade de Nablus, e outra foi perto de um assentamento judaico nos arredores da cidade de El Bireh, segundo autoridades locais. Israel não comentou.
A Cisjordânia, um dos territórios onde os palestinos procuram a criação de um Estado, tem vivido um aumento da violência paralelo à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, agora na sua oitava semana.
A facção havia se comprometido a libertar ao menos 50 reféns israelenses, em grupos de 13 por dia, durante quatro dias. Em troca, Israel havia prometido soltar ao menos 150 palestinos, todos mulheres ou menores de idade, mantidos em presídios do país.
Para além dos prisioneiros que aguardam para ser libertados neste sábado, Tel Aviv já soltou 78 pessoas -39 em cada dia da trégua. A maioria estava detida por crimes de menor gravidade, como atirar pedras contra soldados; em outros casos, eram alvo de detenção administrativa, em que não há acusação formal nem julgamento.
O cessar-fogo temporário, mediado pelo Qatar, também levou a uma interrupção dos ataques em Gaza e ao aumento do fluxo de entrada de ajuda humanitária. Trata-se da primeiro momento de distensão na guerra que completa 50 dias, e Israel promete retomá-la de forma intensa assim que acabar a trégua.
Estima-se que mais de 14,8 mil pessoas foram mortos em ataques de Tel Aviv contra a Faixa de Gaza após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, que deixaram 1.200 mortos, segundo as autoridades israelenses.
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