Um novo estudo revelou que o bioestimulante produzido a partir da macroalga marinha Kappaphycus alvarezii pode melhorar significativamente o crescimento e a composição bioquímica das plantas manjericão (Ocimum basilicum) e menta (Mentha piperita).
A pesquisa foi elaborada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em parceria com o Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), sendo financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O estudo, publicado em Boletim Técnico (número 40), avaliou diferentes concentrações do extrato aquoso da alga, aplicadas semanalmente em cultivos de campo. No manjericão, os tratamentos resultaram em plantas mais altas, com maior peso e número de flores. Já a menta apresentou estabilidade no crescimento, mas registrou alterações importantes em sua composição bioquímica, como o aumento no teor de amido. No caso do manjericão, também foi identificado maior acúmulo de aminoácidos, essenciais para o metabolismo e a qualidade da planta.
Os resultados indicam que o bioestimulante de K. alvarezii é uma alternativa promissora para a agricultura, especialmente para espécies da família Lamiaceae (plantas aromáticas). Além de estimular o desenvolvimento vegetal, o insumo pode contribuir para práticas de manejo mais sustentáveis, reduzindo a dependência de produtos químicos.
Segundo a Dra. Aline Nunes, pesquisadora da Unesp e uma das responsáveis pelo estudo, “o bioestimulante de K. alvarezii demonstrou eficácia tanto em sistemas hidropônicos quanto em condições de campo para as duas espécies de plantas analisadas, ressaltando sua relevância agronômica e potencial para a transformação das práticas agrícolas atuais”.
Potencial da Kappaphycus alvarezii
Cultivada em regiões tropicais e subtropicais, a macroalga é conhecida por sua composição química diversificada e pelo fornecimento de carragenana, uma substância muito usada na produção de alimentos e medicamentos para dar consistência e melhorar a textura. Além disso, a alga cresce rapidamente (3% a 9% ao dia) e é rica em compostos naturais, como aminoácidos, proteínas, minerais e hormônios vegetais, que favorecem o crescimento das plantas e aumentam sua resistência a estresses ambientais.
O uso do bioestimulante derivado dessa macroalga representa, portanto, uma alternativa sustentável e de alto potencial para ampliar a produtividade agrícola e a qualidade de espécies de interesse econômico.
A K. alvarezii, originária das Filipinas, foi introduzida no Brasil pela Universidade de São Paulo (USP) e, em seguida, cultivada no mar em colaboração com o Instituto de Pesca. Os primeiros experimentos ocorreram em 1995, na Fazenda Experimental Marinha do IP, em Ubatuba (SP). Desde então, diversos estudos vêm sendo conduzidos com essa macroalga.
De acordo com a Dra. Valéria Gelli, pesquisadora do IP e responsável pelo Programa Algicultura SP, “pesquisamos o extrato da macroalga desde 2013, e esses novos estudos em colaboração têm demostrado que o biofertilizante tem eficiência agronômica e pode reduzir o uso dos fertilizantes químicos e os custos de produção”.
Por Andressa Claudino
Instituto de Pesca
O Instituto de Pesca é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica, vinculada à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que tem a missão de promover soluções científicas, tecnológicas e inovadora para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor da Pesca e da Aquicultura.