Organização liderada pela liderança Vanda Witoto do Amazonas, concorre na categoria “Soluções que Inspiram” com projeto que fortalece mulheres e saberes ancestrais na periferia do Parque das Tribos, em Manaus
Às vésperas da COP30, que colocará o Brasil no centro do debate global sobre o clima, uma voz amazônica ecoa com força entre as principais iniciativas socioambientais do país. O instituto Witoto liderado por Vanda Witoto, 38 anos, educadora, liderança indígena, empreendedora social e referência ambiental e climática, é uma das seis finalistas do Prêmio Empreendedor Social 2025, realizado pelo Grupo Folha em parceria com a Fundação Schwab.
A indicação do Instituto Witoto na categoria “Soluções que Inspiram” é um marco histórico: pela primeira vez, uma organização indígena figura entre as finalistas de um dos prêmios de maior relevância socioambiental do país. Essa conquista rompe o silêncio e a exclusão que historicamente mantiveram os povos indígenas — sobretudo os que vivem nas periferias urbanas — fora desses espaços de reconhecimento e decisão.
“Nossos projetos sociais e negócios de impacto, são voltados para as mulheres indígenas historicamente marginalizadas na periferia, o ateliê Derequine, gera renda, emprega e tira mulheres indígenas de ciclos de violências. A escola de educação Ancestral Jofo Nimairama promove a dignidade, pertencimento e autoestima das crianças indígenas. Nosso novo objetivo com o prêmio é reunir recursos para construirmos juntos a Primeira Casa de Conhecimento Ancestral na Periferia de Manaus, para fortalecer a educação e a cultura indígenas. Queremos ampliar a geração de renda, tirar mais mulheres de ciclos de violência e fortalecer o turismo de base comunitária em nossa comunidade que é muito potente”, explica.
A presença do Instituto Witoto entre os finalistas revela ao mundo a potência de iniciativas lideradas por mulheres indígenas no coração da periferia Urbana da Amazônia, no Parque das Tribos, maior bairro indígena urbano do Brasil, em Manaus, Vanda mobiliza mulheres, crianças, jovens e anciãos em ações de geração de renda, educação ambiental e antirracista, fortalecimento cultural, turismo de base comunitária e proteção da floresta. Essa visibilidade inédita reafirma que os povos indígenas, mesmo quando marginalizados pelas políticas públicas, estão criando soluções concretas e inspiradoras para enfrentar a crise climática e social.
A cerimônia de premiação acontecerá em 30 de setembro, na Sala São Paulo. Para além do reconhecimento, a visibilidade de iniciativas como a de Vanda Witoto se torna ainda mais estratégica neste momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30. O protagonismo amazônico, personificado em sua trajetória, reforça que as soluções globais para a crise climática também brotam do saber ancestral e da experiência comunitária.
Sobre o prêmio
Criado há 21 anos, o Prêmio Empreendedor Social reconhece iniciativas que transformam realidades por meio da inovação social. A edição de 2025 acontece em sintonia com a agenda da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) e contempla soluções baseadas na natureza, transição energética, resiliência urbana, direitos humanos, igualdade de gênero e inclusão produtiva.
Com duas categorias — Inovadores Sociais do Ano e Soluções que Inspiram —, o prêmio também conta com a MobilizAção, modalidade popular que amplia doações para as causas finalistas. Os vencedores ganham projeção nacional e internacional, além de acesso à Rede Folha de Empreendedores Socioambientais e à Rede Schwab de Empreendedores Sociais, braço do Fórum Econômico Mundial.
A diversidade de gênero, raça, território e modos de vida é marca da premiação, que enxerga na colaboração e na inovação a chave para transformar crises em oportunidades e gerar impacto social.