A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) desempenha um papel crucial na formação de profissionais em todo o estado. No entanto, recentemente, surgiram críticas em relação aos programas de carreira e ao suporte oferecido aos alunos. Apesar de inúmeros investimentos consideráveis na educação, tanto a percepção dos estudantes quanto a realidade no campus sugerem que ainda há lacunas importantes a serem preenchidas.
De acordo com o site de notícias da UEA, no dia 5 de março de 2024, o governo divulgou que investiu 7,6 milhões em materiais que foram distribuídos para as unidades da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) situadas na capital e em 32 cidades do interior do estado. Dos 27 veículos entregues, quatro são vans e 23 são picapes, exclusivamente voltados para renovar a frota no interior. Outros 600 itens foram destinados à capital e mais 32 cidades, incluindo 470 microcomputadores, 30 projetores, 10 Smart TVs de 75 polegadas, 10 kits de IPTV, 10 home theaters, 50 cadeiras de escritórios, 10 nobreaks e 10 webcams.
No entanto, de acordo com relatos dos estudantes, os projetores estão todos velhos, o que tem gerado dificuldades no seu uso. Esse é apenas um exemplo que evidencia a disparidade entre o que é anunciado pelo governo e a realidade enfrentada pelos estudantes. Para a universitária, Isabela Dhyovana, 20, o maior desafio de estudar na instituição é a falta de assistência dos projetores durante as aulas, esse transtorno tem diminuído a qualidade de ensino e o tempo de aula.
“Contamos com muitas dificuldades nas salas de aula em relação à projeção, ao data show e tudo mais, porque os professores sempre demoram pelo menos o começo da aula inteiro só para ajustar o projetor. Temos que ficar chamando as pessoas da assistência para ajustar, porque às vezes não liga, não configura direito, simplesmente não projeta ou fica saindo. Em relação ao ar-condicionado, também vive pingando, então não podemos sentar embaixo, senão nos molhamos inteiros. Não sei a quem recorrer quanto a isso, mas é um problema que enfrentamos na sala de aula. Quanto ao laboratório, tínhamos dificuldades com os microscópios e lâminas. Às vezes, as lâminas eram tão velhas que não dava nem para visualizar. Foi dito que era caro substituí-las, então tínhamos que nos contentar com isso. Não tínhamos muitas opções além disso”, afirma a aluna de biologia.
Os alunos também se preocupam com a falta de infraestrutura no local, tornando as salas de aula inadequadas, além de falta de recursos essenciais para um ensino de qualidade. Iessa Ferreira, 23, que é aluna de Bacharelado em Dança, diz bem quais são esses problemas. “Sobre a infraestrutura, uma das coisas que mais nos afeta é a falta de sala de aula. Poderia ter mais salas disponíveis no prédio para outro tipo de atividade. Por exemplo, hoje em dia, por conta de ensaios e eventos e demandas, não tem muito, é uma sala rotativa. Os próprios alunos que oferecerem oficinas de dança, música e teatro”.
Iessa Ferreira, 23 anos, lembra que em 2020, quando era caloura, foi informada que havia um teatro na universidade que precisava de reforma para ser utilizado. No entanto, após quatro anos, ainda não houve qualquer reforma neste teatro do campus. Inclusive, o teatro Américo Alvarez foi entregue à instituição pelo governo em 2023, mas mesmo após isso, os alunos ainda enfrentam problemas para realizar suas apresentações.
“Desde que eu entrei aqui, eu ouço falar que tem um teatro da universidade, só que o teatro nunca funcionou. É necessário a gente ficar atrás de outros teatros para fazer nossas apresentações. Esse outro teatro poderia ser reformado, equipado e ficar fixo para os alunos da UEA”.
Além de tudo, Iessa ainda afirma que uma das preocupações dos universitários é a gestão e comunicação interna da universidade, com alunos apontando falhas na comunicação entre a administração e os estudantes, o que dificulta a resolução de problemas e a tomada de decisões importantes. “A gestão da UEA tem demonstrado diversas falhas em áreas essenciais para o bem-estar e a integração dos estudantes. A falta de comunicação entre a administração e os alunos é uma das principais críticas. A comunicação parece ser restrita aos membros do centro acadêmico e representantes de cada curso, deixando a maioria dos alunos desinformados sobre decisões e eventos importantes. Isso impede uma interação clara entre a direção e os estudantes, limitando a capacidade de resposta às necessidades e preocupações diárias dos alunos,”.
Além disso, a universidade possui um portal chamado “Portal Transparência”, onde a população pode acessar os valores investidos e gastos todos os meses na instituição. Até a última atualização, em maio, as despesas da UEA somaram 351.873.697, 76 (Trezentos e cinquenta e um milhões, oitocentos e setenta e três mil, seiscentos e noventa e sete reais e setenta e seis centavos). No entanto, esses gastos são questionados pela comunidade acadêmica, que não vê melhorias significativas na infraestrutura e no bem-estar dos alunos. A discrepância entre os altos valores investidos e a realidade enfrentada pelos estudantes levanta sérias dúvidas sobre a gestão e a eficácia do uso dos recursos.
Apesar dos altos investimentos anunciados pelo governo, parece haver poucos resultados visíveis na universidade. Com tantos problemas relatados pelos alunos, é evidente que algo está errado. Será que o governo está gastando demais e entregando menos? Ou será que esses investimentos estão sendo desviados para outros fins? A ideia de que o dinheiro está sendo direcionado para a educação parece cada vez mais distante da realidade.
O site Amazônia Press entrou em contato com a assessoria da UEA em busca de informações relacionadas ao documento que comprova a entrega dos equipamentos, uma vez que não conseguimos encontrar essas informações no portal da transparência da universidade. Até o momento, a universidade não nos retornou, deixando assim o espaço em aberto para esclarecimentos. Além disso, questionamos também o governo do Amazonas, porém, ainda não obtivemos respostas. Continuamos aguardando retorno de ambas as partes para poder informar com precisão nossos leitores e esclarecer as dúvidas dos alunos.