A analista de sistemas Vitória Raquel Celeste Ferreira de Lima, de 23 anos, foi vítima de um ataque violento na madrugada do dia 19 de maio nas proximidades de sua casa, em Santos, no Litoral de São Paulo.
A jovem teve as roupas arrancadas, levou 18 facadas no pescoço e foi deixada abandonada, com ferimentos graves, na roda de um caminhão. Mas após 12 dias internada, cinco deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), ela sobreviveu. O crime aconteceu no bairro do Jardim Rádio Clube, onde a analista morava há três anos com a esposa.
No dia do ataque, elas estavam preparando a mudança para a casa dos pais de Vitória, com quem morariam por um tempo.
“Já era tarde da noite quando a gente acabou de arrumar as coisas para a mudança. Sentimos fome e tentamos pedir algo pelo aplicativo, mas já era 1h da manhã e não conseguimos. Daí falei para a minha esposa que ia até um carrinho de salgados, que ficava aberto a noite toda, numa praça perto de casa”, detalha Vitória.
A jovem então saiu, caminhou por cinco quadras até a praça e comprou os salgados. Mas quando estava retornando para casa, ouviu um assovio. Ela caminhava por um trecho da via em que os postes de iluminação não estavam funcionando e quando procurou quem a chamava, foi atacada.
“Vi dois vultos. Um deles jogou areia molhada nos meus olhos e o outro me agarrou e colocou um lenço no meu rosto, com algum tipo de química. Ardia os olhos. Pensei que fosse um assalto e gritei que podiam levar tudo. Mas começaram a me arrastar e me jogaram em cima de um colchão velho, perto de um caminhão. Daí eu apaguei”.
Vitória conta que acordou minutos depois com um dos homens sobre ela, tentando esganá-la com as mãos e gritando que ia ensiná-la ‘o que é ser mulher’. Desesperada, ela começou a tatear o chão em busca de algo para se defender e encontrou uma faca grande, de cabo preto. A vítima diz que não se recorda bem, mas acredita que tenha ferido o agressor.
“O outro rapaz filmava tudo com o celular. Nesse momento, o que estava em cima de mim pegou R$ 20,00 que estavam no meu short, meu celular, e entregou ao outro, enquanto colocava o pano no meu rosto novamente. Eu ouvi ele dizer: ‘agora vai comprar os bagulhos enquanto eu dou um jeito nela’. Foi quando eu desmaiei de novo”, detalha.
Deixada sozinha pelos homens na roda de um caminhão, Vitória relata que só acordou horas depois, com o latido de um cão que passava pela rua. Ela estava deitada, encaixada na parte interna de uma das rodas do caminhão, sem saber o que tinha acontecido.
A analista percebeu que estava seminua e se arrastou até a calçada para procurar o short que usava antes do ataque, mas desmaiou novamente. Quando despertou já viu a esposa, que tentava estancar o sangue do seu pescoço com uma jaqueta.
Uma vizinha, que chamara o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), também permanecia ao seu lado. Levada ao hospital, Vitória descobriu que havia levado 18 facadas no pescoço. Uma delas atingiu a veia carótida, que não se rompeu apenas porque o sangue coagulou rapidamente.
A vítima também precisou passar por várias transfusões, recebendo 8 bolsas de sangue no hospital.
Mesmo após ter alta, Vitória teve que reaprender a comer e a falar. Com os exames feitos em seu corpo, ela descobriu que o agressor usou três tipos de objetos pontiagudos diferentes para feri-la. Dois deles facas, sendo uma de serra, e uma garrafa de vidro quebrada.
Ela ficou sabendo também que foi marcada na cintura, provavelmente com um anel em brasa.
“Como se eu fosse propriedade dele. Ele é doente, um monstro. E espero que se arrependa ainda em vida do que fez”, desabafa.
FONTE: UOL