Não importa a trajetória de um homem: antes de morrer, ele saberá o que é alcançar o clímax sexual. Quantas mulheres podem dizer o mesmo? Muitas passam a vida inteira sem se permitir sentir o ápice da conexão carnal – seja por conta de crenças limitantes ou por preconceitos da sociedade, que afastam o público feminino do prazer e do debate sobre sexualidade.
Mulher tem vida íntima não só para atender às necessidades de um matrimônio, ou agradar ao parceiro: ela mesma quer ser feliz, plena e dona dos próprios sentimentos. E a literatura erótica vem para dar voz a todas, mas ainda há uma proteção de pudor que obriga as escritoras a serem criativas ao falar do prazer feminino.
Depois de anos caladas sobre esse assunto, o romance hot chegou não apenas para falar de amor, conflitos familiares, fantasias e erotismo, mas para romper barreiras e normalizar o que era visto como tabu. Este gênero faz parte do universo feminino desde muito antes do sucesso 50 Tons de Cinza, com romances de banca, a roda de conversa das avós, as mulheres que se permitiam sonhar lendo e assistindo ficção.
Como autora do gênero, posso afirmar que a leitora de romance hot se torna mais empática e curiosa. Por meio da leitura, temos relações pelo olhar das heroínas e nos apaixonamos por mocinhos criados justamente para satisfazer nossos desejos. Esse tipo de narrativa transforma o conceito que deixava os homens sempre no protagonismo: nós não queremos substituir ou competir com eles, mas ser vistas e tratadas de igual para igual.
Conhecer o próprio corpo, buscar autoconhecimento e se libertar de velhos paradigmas é importante para chegar nesse lugar. E a literatura erótica serve como aliada para fortalecer a confiança, exercitar a autoestima e experimentar o melhor da paixão. Afinal, ler conteúdo adulto pode ser saudável e romântico, contribuir para relacionamentos e salvar casamentos.
O impacto da literatura hot é tão grande hoje que as palavras ganharam imagens. Em formato vertical para consumo em celular, as mininovelas eróticas se conectam com as leitoras que desejam ter uma vida sexual mais ativa, além de se enxergar nas telas por meio das protagonistas fortes.
Vamos falar do prazer feminino, sim, e traremos luz para o que foi ignorado por tantas gerações: a mulher pode desejar o prazer e isso não a torna menos merecedora de respeito e admiração. Nas nossas histórias, feitas por mulheres e para mulheres, não cabe mais o julgamento – só o empoderamento delas.
Mari Sales é autora do romance hot Além do Toque, adaptado para mininovela. É a 3º escritora mais lida do Kindle Unlimited Brasil na última década.