O deputado estadual Átila Nunes (MDB), e seu filho, o vereador Átila Nunes (PSD), protocolaram uma denúncia no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra a cantora Ludmilla por vilipêndio religioso. A acusação se baseia na frase “só Jesus expulsa o Tranca Rua das pessoas”, exibida em um telão durante show do último domingo, 21, no Coachella, na Califórnia, nos Estados Unidos. Os parlamentares afirmam que a frase promove e incita a prática de preconceito religioso contra religiões de matriz africana.
Na denúncia, Átila Nunes destaca que Tranca Ruas é uma entidade importante dentro dessas religiões e que a representação feita pela cantora promove desinformação e preconceito. O parlamentar alega que a entidade não tem como objetivo desviar, desagregar ou induzir pessoas ao erro, mas sim colaborar com o processo de aprendizado e evolução da humanidade.
Em resposta às acusações, Ludmilla utilizou suas redes sociais para explicar o contexto do vídeo apresentado durante o show. A cantora afirmou que a sua apresentação retratava a realidade da comunidade onde cresceu, uma região marcada por problemas como genocídio de pessoas negras, violência policial, pobreza e intolerância religiosa. Ela também mencionou que a apresentação incluía outras imagens fortes, como trocas de tiro e ônibus incendiado, mas ressaltou que isso não significa que ela apoia ou endossa essas condutas.
Além da denúncia ao MPRJ, Átila Nunes também prestou queixa contra a artista na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), pedindo que o vídeo seja retirado de todas as redes sociais, sob pena de multa diária em valor a ser arbitrado pelo Juízo competente. O parlamentar ainda requer uma indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil, que, segundo ele, seriam destinados à Prefeitura do Rio para projetos sociais voltados à prevenção do preconceito religioso e ao respeito ao ensino religioso de matriz africana.
O caso está gerando grande repercussão nas redes sociais e no mundo do entretenimento, dividindo opiniões entre os que apoiam a liberdade artística e os que veem um incentivo ao preconceito religioso. Ativistas de movimentos negros e religiosos têm se manifestado em defesa de Ludmilla, alegando que a artista está sendo injustamente atacada por retratar a realidade de sua comunidade. Por outro lado, líderes religiosos de matriz africana apoiam a denúncia, afirmando que é necessário combater todas as formas de preconceito e vilipêndio religioso.
O MPRJ agora deve analisar a denúncia e decidir se a cantora Ludmilla será formalmente acusada por vilipêndio religioso. Enquanto isso, a polêmica continua a gerar discussões sobre liberdade artística, respeito às religiões de matriz africana e a necessidade de maior tolerância religiosa na sociedade brasileira.
AMPOST