O documento destaca o enfrentamento à crise climática e a ampliação das matérias de educação ambiental e direitos humanos no currículo escolar
Cerca de 90% dos jovens brasileiros entre 12 e 18 anos estão preocupados com as mudanças climáticas, é o que mostra a pesquisa realizada pelo CIESPI/PUC-Rio. O interesse de crianças e adolescentes pelo tema importa, pois, como alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), esse é o grupo que mais sofrerá com os impactos da crise ambiental. Em meio aos debates da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), estudantes de quatro colégios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo se reuniram para escrever um manifesto que será entregue na Cúpula dos Povos durante o evento em Belém.
O documento elaborado durante o Fórum de Debates dos Estudantes da Rede de Educação Missionárias Servas do Espírito Santo (SSpS) aborda temas fundamentais para os adolescentes e destaca a urgência de políticas de justiça climática, a criação de fundos emergenciais para países vulneráveis, a valorização dos saberes indígenas e a transição para uma economia sustentável. O manifesto ainda propõe fortalecer a educação ambiental e os direitos humanos nos currículos escolares, incentivar a participação ativa da juventude em fóruns internacionais e garantir transparência e compromisso real dos líderes globais frente à crise climática.
“Queremos participar da Cúpula dos Povos, levar o manifesto dos nossos alunos e dialogar com instituições que defendem os povos originários e a questão climática. Trata-se dos estudantes assumindo compromissos com temáticas humanitárias que fazem sentido para o presente e para o futuro da humanidade, sendo a crise climática uma das mais urgentes e de aproximar nossos jovens desses debates, o que é fundamental para que eles se reconheçam como parte ativa na busca por soluções”, afirma Irmã Maria de Fátima Marques, Presidente do Conselho da Rede de Educação Missionárias Servas do Espírito Santo.
Leia o Manifesto completo aqui.
COP30 nas escolas
Inspirado pelo evento internacional, o Colégio Stella Matutina, em Juiz de Fora, que faz parte da Rede SSpS, promoveu um projeto pedagógico com a criação de Mini ONGs. A iniciativa reuniu todos os estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio em debates sobre povos originários e reutilização da água. Os grupos demonstraram comprometimento e protagonismo ao refletirem sobre práticas sustentáveis. Mais do que um exercício acadêmico, o projeto buscou formar cidadãos críticos, conscientes e engajados na construção de um futuro mais justo, humano e sustentável.
Agora, com o início oficial da COP30, em novembro, os grupos de estudantes, representando ONGs fictícias pensadas pelos jovens, apresentarão as propostas para a comunidade escolar e também para a representante da ONG VIVAT Internacional, que vem ao Brasil para a conferência da ONU, a irmã Greta Fernandes. “A visita será uma oportunidade de aproximar nossos alunos dessas temáticas e reforçar o compromisso deles com causas humanitárias e ambientais, hoje e no futuro”, completa a Irmã Maria de Fátima Marques.
O Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Belo Horizonte, realizou o projeto “O Meio Ambiente Antártico e os Efeitos das Mudanças Climáticas”, com objetivo de formar uma compreensão crítica e incentivar os estudantes a pensarem em soluções para a mitigação dos impactos climáticos. Desenvolvido com os alunos do 8º ano, na disciplina de Geografia, o trabalho envolveu uma conferência ao vivo, direto da Antártica, com profissionais do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que promove pesquisa científica no continente. Os estudantes também visitaram a exposição “Crise Climática em Minas Gerais”, na Assembleia Legislativa do estado, e realizaram atividades de pesquisa e criação de propostas para reduzir os efeitos das mudanças climáticas em Belo Horizonte. Ainda foi realizada uma aula gamificada, com jogos temáticos sobre desafios ambientais.
Recentemente, o colégio em BH recebeu a irmã Gretta Maria Fernandes para um bate-papo com os alunos do Fórum de Debates. Indiana naturalizada estadunidense, ela vive em Roma há sete anos, de onde coordena a ONG Vivat International, criada pela congregação e formada por membros de diversos países.




