As hidrelétricas são responsáveis por cerca de 64% da energia elétrica produzida no Brasil, um dos países com maior matriz limpa do mundo. Mas, por trás da geração contínua e segura de energia, há um processo essencial que nem sempre chega ao conhecimento da população: a manutenção das usinas.
De acordo com o técnico em manutenção mecânica de usinas hidrelétricas Cleliton de Lima Dalben, esse trabalho é fundamental não apenas para garantir o funcionamento das turbinas e equipamentos, mas também para evitar custos extras que acabam refletindo na conta de luz. “Uma manutenção feita de forma preventiva é o que assegura que a usina opere com eficiência e sem interrupções. Quando há falhas ou atrasos nesses processos, o custo de reparo aumenta e, muitas vezes, parte desse custo acaba sendo repassada ao consumidor final”, explica.
Segundo o especialista, a manutenção engloba desde inspeções de rotina e troca de componentes até revisões completas em turbinas, geradores e sistemas hidráulicos. Ele destaca que o trabalho é contínuo e segue cronogramas rigorosos de segurança e desempenho. “Cada peça tem um tempo de vida útil e precisa ser substituída antes que comprometa a operação. É um trabalho que exige precisão técnica e monitoramento constante”, completa.
O impacto da manutenção também se reflete na eficiência energética. Uma usina bem conservada gera mais energia com o mesmo volume de água, reduzindo a necessidade de acionar termelétricas, que têm custo de produção mais alto e encarecem a tarifa. “Quando o sistema está equilibrado e as hidrelétricas funcionam com plena capacidade, o país depende menos de fontes emergenciais. Isso ajuda a manter a energia mais barata e estável para todos”, afirma Dalben.
Além do aspecto econômico, a manutenção adequada é essencial para a segurança das operações e a preservação ambiental. Intervenções planejadas evitam vazamentos, rompimentos de barragens e outros acidentes que podem gerar prejuízos de grandes proporções. Com o avanço da tecnologia, as usinas vêm incorporando sistemas de monitoramento digital e manutenção preditiva, capazes de identificar anomalias antes mesmo que elas causem danos. Para Dalben, essa evolução representa um passo importante na gestão do setor. “O uso de sensores e inteligência de dados permite prever falhas e planejar intervenções com mais eficiência, reduzindo custos e aumentando a confiabilidade do sistema. Cuidar da estrutura e dos equipamentos é cuidar da segurança das comunidades e do meio ambiente. É um trabalho silencioso, mas de enorme impacto social”, reforça.
Em um momento em que o país discute tarifas e segurança energética, entender o papel da manutenção nas hidrelétricas é essencial. É ela que garante que a energia continue chegando às casas com segurança, sustentabilidade e um custo mais justo para o consumidor.




