Entre 2021 e 2024 a taxa de pobreza caiu de 31,1% para 19,4% no conjunto das regiões metropolitanas, permitindo que 9,5 milhões de pessoas saíssem da situação de pobreza.
Desde 2021 houve significativa queda das desigualdades nas regiões metropolitanas brasileiras. Entre 2021 e 2024 o coeficiente de Gini – quanto maior, mais elevada a desigualdade – caiu de 0,565 para 0,534. O valor atingido é o menor da série histórica, superando aquele de 2015, quando foi registrado um Gini de 0,539 – até então o menor nível de desigualdade desde 2012. Seguindo esta tendência, se em 2021 a renda do estrato mais rico era 19,2 vezes maior que a do estrato mais pobre, em 2021 essa razão de rendimentos caiu para 15,5 vezes.
A maior parte das vinte e duas regiões metropolitanas do país acompanhou este movimento, apresentado redução na desigualdade de renda no mesmo período, com exceção das regiões metropolitanas de Curitiba, Florianópolis, Grande São Luís e Vale do Rio Cuiabá. Ou seja, se trata de uma tendência generalizada nas metrópoles do país, que em linhas gerais é condizente com o que ocorrera para a população brasileira como um todo. Segundo Juciano Rodrigues, professor do IPPUR-UFRJ e pesquisador do Observatório das Metrópoles, “o principal fator explicativo dessa tendência de queda das desigualdades é a renda do trabalho, que no período cresceu proporcionalmente mais para os mais pobres”.
As informações estão na décima sexta edição do “Boletim – Desigualdade nas Metrópoles”, produzido em parceria pelo Observatório das Metrópoles, o PUCRS Data Social e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). Os dados são provenientes da PNAD Contínua anual, do IBGE, e dizem respeito à renda domiciliar per capita total. O recorte utilizado é o das 22 principais áreas metropolitanas do país, de acordo com as definições do IBGE. Todos os dados estão deflacionados para o ano de 2024, de acordo com o IPCA. O estudo trabalha com as linhas de US$6,85/dia PPC para pobreza e US$2,15/dia PPC para a extrema pobreza, assim como definidas pelo Banco Mundial. Em valores mensais de 2024, a linha de pobreza é de aproximadamente R$692,54 per capita e a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$217,37 per capita.
O Boletim destaca que entre 2021 e 2024 o comportamento da renda do estrato dos 40% mais pobres nas regiões metropolitanas foi de forte crescimento, atingindo os maiores valores da série histórica em 2023 e, posteriormente, em 2024, quando chegou ao valor de R$670. Em 2021, por sua vez, era de R$474 apenas. Com efeito, a despeito das persistentes desigualdades, foi na base da pirâmide que houve crescimento proporcionalmente maior da renda em nossas metrópoles neste último período. De acordo com Marcelo Ribeiro, professor do IPPUR-UFRJ e coordenador do núcleo RJ do Observatório das Metrópoles, “o mercado de trabalho mais aquecido favoreceu este estrato, que havia sofrido perdas enormes durante a pandemia. E, junto com o controle da inflação, permitiu aumento real dos rendimentos.”
Nesse sentido, é importante verificar que houve aumento da renda média para a população como um todo nas metrópoles brasileiras. Pela segunda vez consecutiva, a média de renda atingiu o maior valor da série histórica, chegando a R$2.475 em 2024 – considerando o conjunto das regiões metropolitanas. Além disso, em todas as regiões metropolitanas verificamos tendência de crescimento da renda média entre 2021 e 2024.
Finalmente, o Boletim traz evidências de que houve forte e contínua queda da taxa de pobreza no conjunto das regiões metropolitanas, variando de 31,1% para 19,4% entre 2021 e 2024. Desse modo, 9,5 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza nas metrópoles brasileiras, fazendo a taxa de pobreza atingir o menor valor da série histórica em 2024. Além disso, é importante salientar que houve redução da taxa de pobreza em todas as regiões metropolitanas na comparação entre 2021 e 2024. Segundo Andre Salata, professor da PUCRS e coordenador do PUCRS Data Social, “a conjunção de aumento da renda com redução das desigualdades explica porque no período analisado houve forte queda nas taxas de pobreza e extrema pobreza nas nossas regiões metropolitanas.”
Em relação à extrema pobreza, o Boletim mostra que a partir de 2021 passou a ocorrer redução expressiva da taxa, chegando a 3,3% em 2024, indicando que desde então mais de 2,8 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza extrema no Brasil metropolitano.
O estudo completo está disponível em https://www.pucrs.br/datasocial/.