Brasil registra mais de 70 mil casos por ano; exames e atenção aos sintomas são essenciais para aumentar as chances de cura
Celebrado anualmente desde 2003, o Novembro Azul é um movimento dedicado à conscientização sobre a saúde do homem e ao combate ao câncer de próstata. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil registra, em média, 71,7 mil novos casos por ano entre 2023 e 2025, o que representa uma taxa bruta de 67,86 casos a cada 100 mil homens. A doença também é o segundo tipo de câncer que mais mata homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pulmão.
Segundo especialistas, o diagnóstico precoce continua sendo o principal aliado para aumentar as chances de cura. Ele garante melhor prognóstico e tratamento oportuno, especialmente em casos com sintomas urinários, como dor ao urinar, aumento da frequência urinária ou presença de sangue na urina. Como esses sinais também podem estar relacionados a condições benignas, é essencial buscar avaliação médica para um diagnóstico correto e tratamento oportuno.
Entre os exames de rastreamento, segundo a bioquímica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Luciana Figueira, o PSA (Antígeno Prostático Específico), exame de sangue que mede a concentração dessa proteína produzida pela próstata, é uma das ferramentas mais importantes para avaliar a saúde prostática. “Alterações nos níveis de PSA devem ser investigadas com exames complementares, como toque retal e biópsia, realizados sob orientação médica especializada”, afirma.
Além dos exames convencionais, os avanços da genômica têm possibilitado uma abordagem personalizada para rastreamento, programação terapêutica e aconselhamento genético. Realizado a partir de uma amostra de sangue, o Painel para Câncer de Próstata identifica variantes genéticas que podem indicar maior suscetibilidade a este tipo de neoplasia.
“Essa informação pode permitir ao médico solicitante adotar condutas mais adequadas e personalizadas no tratamento de pessoas com diagnóstico de câncer, além de abrir as portas para possíveis estratégias de rastreamento que podem salvar vidas dos indivíduos afetados e também de familiares assintomáticos”, explica a geneticista Rosenelle Araújo, do Sabin Diagnóstico e Saúde.
“Em casos de suspeita de predisposição hereditária, o exame é particularmente importante, já que a identificação de variantes genéticas específicas pode orientar decisões de rastreamento personalizadas, além de poder permitir a identificação de outros familiares sob risco de neoplasias de próstata e de outros órgãos”, ressalta a médica.
A geneticista destaca que a herança genética pode ser determinante para o risco de desenvolver câncer de próstata. “Homens com histórico familiar da doença ou com familiares diagnosticados com outros tipos de câncer, como de mama, ovário ou colorretal, podem apresentar predisposição hereditária. Outros fatores relevantes incluem a idade precoce do diagnóstico e diagnóstico de câncer de próstata avançado ou metastático. Genes como BRCA1, BRCA2, ATM e CHEK2 estão entre os que podem influenciar o aumento desse risco”, pontua.
A médica explica que a investigação genética é uma ferramenta que complementa o cuidado preventivo e pode beneficiar toda a família. “Compreender as bases moleculares do câncer ajuda a direcionar estratégias de rastreamento, diagnóstico e tratamento personalizados, além de possibilitar o acompanhamento preventivo de familiares que compartilham o mesmo risco”, ressalta Rosenelle.
Prevenção
Embora, desde 2023, o Ministério da Saúde não recomende mais o rastreamento populacional de câncer de próstata em homens assintomáticos, a geneticista reforça a necessidade de atenção aos sinais do corpo e de avaliação médica individualizada para o cuidado integral da saúde masculina.
“Além disso, adotar hábitos saudáveis, como não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física e controlar o peso corporal contribui para reduzir o risco do câncer de próstata e de outras doenças crônicas”, completa.
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