O Amazonas se prepara para uma eleição que promete reconfigurar seu mapa político. Como um entusiasta que acompanha diariamente os bastidores do poder, pude mapear as principais movimentações que estão definindo esse jogo complexo.
O governador Wilson Lima (União Brasil) vive seu segundo mandato e enfrenta um dilema existencial: permanecer na vida pública concorrendo ao Senado ou deixar a política. Fontes próximas revelam que ele estuda duas rotas:
- Permanecer no União Brasil e tentar uma vaga no Senado
- Migrar para o PL, onde teria maior espaço, mas esbarraria na resistência de Alberto Neto
Essa segunda opção tem se mostrado mais complicada do que parecia. O deputado federal Capitão Alberto Neto, atual líder nas pesquisas pelo PL, não esconde sua relutância em dividir espaço com Wilson Lima. Em conversas reservadas, aliados de Neto afirmam que “a imagem desgastada do governador poderia prejudicar o projeto eleitoral”.
Enquanto isso, o senador Omar Aziz (PSD) constrói sua base com pragmatismo. Seus 42 prefeitos aliados representam uma força real, mas volátil. Nas minhas conversas com políticos do interior, percebi que muitos prefeitos mantêm esse apoio como forma de garantir recursos, sem compromisso definitivo. Afinal, associação de prefeitos com um presidente sem mandato é como vender commodities ou fumaça. (Fica a dica sobre o jogo duplo).
O prefeito David Almeida (Avante) opera nos dois tabuleiros. Publicamente aliado de Omar, mantém canais abertos com outras forças políticas. Seus programas tem sido eficiente em manter sua visibilidade, enquanto sua equipe monitora cada movimento dos adversários.
As pesquisas mostram um eleitorado em fluxo. O Capitão Alberto Neto lidera, mas com margem pequena sobre Omar Aziz e David Almeida. O que mais preocupa os analistas é o alto índice de indecisos – cerca de 30% – que podem mudar completamente o jogo.
O grande enigma continua sendo Wilson Lima. Seu poder no interior é inegável, mas o desgaste após dois mandatos conturbados pesa. Alguns aliados já sinalizam distanciamento, enquanto outros mantêm lealdade. “Ele ainda controla a máquina, mas não sabe para onde vai”, resumiu um secretário municipal no interior.
Nos próximos meses, três fatores serão decisivos:
- A definição de Wilson Lima sobre seu futuro político
- A capacidade de Omar Aziz em transformar apoios formais em votos
- A estratégia de David Almeida para ampliar sua influência
O que está claro é que 2026 será uma eleição de transição no Amazonas. As velhas lideranças tentam se manter relevantes, enquanto novas forças emergem. E no centro desse tabuleiro, o governador Wilson Lima joga talvez sua última partida – sem saber ao certo quem ainda está do seu lado.
Rafael Medeiros
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