O presidente da Telefônica Brasil (dona da Vivo) – que também preside a associação de telecomunicações do País (Telebrasil) -, Christian Gebara, afirmou que as operadoras de telefonia estão avaliando se vale a pena manter ou suspender a política de oferta gratuita de aplicativos em seus planos de internet móvel (caso de WhatsApp, Spotify e Twitter, entre outros).
Essa estratégia de marketing (conhecida como zero rating) tem sido utilizada nos últimos anos como uma maneira de atrair clientes que são fãs de redes sociais, vídeos e música. No entanto, essa iniciativa se tornou um desafio para as empresas de telecomunicações.
Com o avanço do 4G e agora com o 5G, a quantidade de dados consumidos por esses aplicativos aumentou significativamente. Por sua vez, as operadoras estão buscando aumentar sua receita para cobrir os investimentos na capacidade das redes e nas tecnologias mais modernas.
“Estamos avaliando qual o impacto. Existe uma preocupação do setor se essa gratuidade está sendo benéfica para o próprio consumidor. No fim, não se está conseguindo dar a resposta de cobertura que se quer dar”, disse Gebara, durante entrevista coletiva na sede da B3, em São Paulo, para comemorar os 25 anos da chegada da multinacional espanhola ao Brasil. A empresa chegou ao País em 1998, por meio da compra da Telesp (telefônica de São Paulo).
O presidente da Telefônica afirmou que o tráfego de dados está crescendo em um ritmo de 20% a 30% na média global. A maior parte desse fluxo vem de seis a sete empresas de tecnologia. O objetivo das teles é que essas big techs paguem pelo uso das redes. “As empresas de telecom, mundialmente, não conseguem suportar esse crescimento acelerado com investimentos que deem retorno para os nossos acionistas”, disse Gebara.
Gebara também informou que o Brasil precisa de um investimento grande para levar as redes até regiões que ainda não são atendidas, o que demandaria ainda mais do caixa das empresas. “A conta precisa ser paga por mais pessoas para que a gente consiga fazer a digitalização de que o Brasil precisa.”
Telefonia fixa
O executivo afirmou estar confiante de que será possível chegar a um consenso na discussão que envolve a concessão de telefonia fixa, assunto que foi parar no Tribunal de Contas da União (TCU)
A Telefônica suspendeu, em junho, o processo de arbitragem que havia movido contra a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para discutir um reequilíbrio econômico da concessão de telefonia fixa. Em vez disso, a empresa buscará um acordo com a agência reguladora com intermediação do TCU.
O serviço de telefonia fixa é considerado de baixa demanda e, segundo as empresas do setor, é insustentável economicamente. No mês passado, Gebara declarou que a queda de receita em telefonia fixa na Vivo está na ordem de 25% por ano. As chamadas de voz representam 6% do faturamento do grupo. “Hoje esse é um serviço menos relevante para o nosso negócio.”
A negociação também vai abranger o custo para a operadora migrar do regime de concessão (tarifas reguladas) para o de autorizações (tarifas livres), o que foi avaliado em cerca de R$ 8,7 bilhões, segundo a Anatel. Gebara disse que o cobrado pela companhia na arbitragem supera esse montante, embora não revele o valor.
“O objetivo de levar a discussão para o TCU é chegar a um consenso”, disse Gebara. “Estamos muito confiantes de que esse mecanismo será favorável a todos”, emendou.
O executivo disse não ter informações sobre prazos da Corte para análise do processo e frisou que é importante acelerar a tramitação. A Oi e a Embratel (do grupo Claro) também têm processos semelhantes.
Investidores
A Telefônica tem, hoje, 98 milhões de clientes de telefonia e internet móveis, um salto em comparação com os 17 milhões de 2003, ano de surgimento da Vivo (então uma joint venture com a Portugal Telecom). Além disso, são 1,7 milhão de investidores, o que coloca a tele entre as companhias da B3 que mais atraem pessoas físicas.
AM Post