O pastor evangélico Sinval Ferreira, de 41 anos, está preso preventivamente desde 22 de maio no Centro de Detenção Provisória (CDP) do complexo penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. Ele é acusado de violação sexual mediante fraude e extorsão. O caso ganhou repercussão após denúncias de fiéis que foram vítimas de seus atos criminosos. O religioso chegou a afirmar que, ao engolir o sêmen de uma vítima, havia sido curado de gastrite e feridas estomacais.
Sinval Ferreira se apresentava como um profeta, alegando ter visões e premonições trágicas envolvendo a morte de parentes de seus seguidores. Utilizando-se dessa falsa habilidade, o pastor afirmava que a única forma de evitar tais infortúnios seria realizando rituais sexuais com ele. Ele convencia os homens de sua congregação de que deveriam se submeter a atos sexuais para livrar seus entes queridos do perigo iminente.
Em um dos casos mais chocantes, Ferreira simulou uma premonição de que os filhos de um fiel poderiam morrer. Ele então afirmou que a única maneira de salvá-los seria fazendo uma espécie de “unção” no órgão sexual do pai das crianças. Aproveitando-se do desespero do homem, o pastor ia até a casa da vítima, onde, trancados em um quarto, rezava enquanto masturbava o fiel. Em seguida, realizava sexo oral na vítima, chegando a engolir o sêmen e afirmando que tal ato o curava de gastrite e feridas estomacais.
As chamadas “unções da sacanagem”, como foram apelidadas pelas vítimas, ocorriam geralmente às quartas-feiras e aos domingos, dias de culto na igreja. O pastor utilizava a estrutura religiosa para encobrir seus atos, persuadindo as vítimas de que esses rituais eram necessários e sagrados.
Sessões em motel
A situação escalou quando Ferreira pressionou uma das vítimas a realizar diversas sessões de sexo com a justificativa de salvar a vida de seu filho. Sob o pretexto de completar o ritual, o pastor levou a vítima a um motel, onde descreveu detalhadamente as etapas do procedimento. Segundo ele, seriam necessárias sete sessões de sexo, começando com sexo oral, seguida por sexo anal, com o pastor sendo penetrado, e as demais sessões intercaladas.
O caso começou a ser desvendado quando uma das vítimas, angustiada e sentindo-se culpada, decidiu procurar ajuda e expor o que estava acontecendo. As autoridades foram acionadas e começaram uma investigação que revelou o padrão de abuso e manipulação exercido por Sinval Ferreira. Vários outros fiéis, ao saberem da denúncia, também tiveram coragem de relatar suas experiências.
A prisão preventiva de Ferreira foi decretada para impedir que ele continuasse a cometer crimes e influenciasse testemunhas. A polícia segue investigando o caso para identificar todas as possíveis vítimas e levantar mais evidências contra o acusado.
Esse caso expõe a vulnerabilidade dos fiéis e a necessidade de maior vigilância e responsabilidade das lideranças religiosas. A manipulação da fé para cometer abusos sexuais e extorsão é um grave crime que deixa profundas cicatrizes nas vítimas, muitas das quais demoram anos para se recuperarem emocionalmente e espiritualmente.
A prisão de Sinval Ferreira serve como um alerta para outras comunidades religiosas e para a sociedade em geral sobre a importância de questionar comportamentos suspeitos e denunciar abusos. É essencial que os espaços religiosos sejam seguros e que as lideranças sejam verdadeiramente comprometidas com o bem-estar e a proteção de seus seguidores.
AMPOST