A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou por intolerância religiosa o pastor Felippe Valadão, líder da igreja Lagoinha Niterói.
A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) encaminhou o caso para o Ministério Público do Rio de Janeiro nesta terça-feira (16).
Procurado pela reportagem, Valadão respondeu por mensagem que não comentaria o indiciamento.
O inquérito foi aberto após falas de Valadão durante um evento em maio de 2022, no município de Itaboraí (RJ), a cerca de 58 km do Rio de Janeiro.
Durante apresentações de comemoração pelo aniversário de 189 anos da cidade, Valadão afirmou, no palco, que a população local deveria se preparar “para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade”.
“Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que você quiser. Vem um tempo aí. Deus vai começar a salvar esses pais de santo que têm aqui na cidade. Chegou o tempo, Itaboraí.”
Felippe Valadão e a esposa dele, Mariana Valadão, inauguraram a igreja Lagoinha Itaboraí nove meses depois do discurso.
Mariana Valadão é filha do pastor Márcio Valadão, que durante anos foi líder da igreja batista Lagoinha, baseada em Minas Gerais. A Lagoinha Niterói, liderada por Mariana e Felippe, tem dez igrejas espalhadas pelo estado e milhões de seguidores nas redes sociais.
Ainda em 2022, o Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou ação civil pública para condenar o pastor ao pagamento de indenização no valor de R$ 300 mil por danos morais coletivos.
“A liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão a direitos fundamentais, entre eles a liberdade religiosa”, escreveu o promotor Tiago Gonçalves Veras Gomes na ação.
Na época, Valadão publicou nas redes sociais um posicionamento sobre o caso. Os advogados de defesa do pastor afirmavam que “não resta a menor dúvida que o breve discurso do pastor foi mal compreendido ou está sendo deliberadamente deturpado”.
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