Hospital foi construído e terá a bata cinza administrado por uma Parceria Público Privada (PPP), modelagem que permite unir investimentos privados e gestão pública para ampliar a capacidade de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS)
Em uma iniciativa que já está servindo como modelo para prefeitos e governadores de todo o Brasil, a cidade de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) inaugura, no próximo dia 08 de dezembro, o seu novo hospital maternidade: o Hospital e Maternidade Municipal Papa Francisco, que oferecerá a estrutura mais moderna da atualidade.
A inauguração do hospital marca um avanço histórico na rede pública de saúde do Paraná. O empreendimento será o primeiro hospital do estado construído dentro do modelo de Parceria Público-Privada (PPP), o que permite unir investimentos privados e gestão pública para ampliar e otimizar a capacidade de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A novidade está chamando a atenção de diversas prefeituras brasileiras, que têm vindo a Pinhais conhecer a modelagem de PPP.
“Para nós é uma grande alegria, uma grande honra, ter um hospital que tem na sua concepção um ótimo atendimento à população. Servir de referência, eu vejo que para nós é realmente o indicativo de que estamos caminhando na via certa, ou seja, buscando a parceria público-privada, que é uma excelente alternativa para melhorar e ampliar o atendimento em saúde pública para a nossa população”, disse a prefeita de Pinhais, Rosa Maria, durante a visita de uma prefeitura do interior de São Paulo, que veio conhecer a estrutura e o modelo de PPP.
Localizado no centro de Pinhais, o hospital contará com 14.236,42 m² de área construída e 90 leitos, dos quais 20 serão de Unidade de Terapia Intensiva, incluindo 10 leitos neonatais. Todo o atendimento será exclusivamente voltado a pacientes do SUS, reforçando o compromisso com o acesso gratuito e universal à saúde.
O consórcio Saúde Pinhais, responsável pela construção e operação do hospital, é formado por cinco empresas e liderado pela Supramed e pela Sial. O projeto, além de ampliar a oferta de leitos hospitalares, inclui modernas instalações, equipamentos de última geração e ambientes planejados para humanização do atendimento.
As obras começaram em 6 de junho de 2023, após a assinatura da ordem de serviço que deu início à fase de fundações. O contrato de concessão administrativa do consórcio Saúde Ltda., vencedor da licitação, tem prazo de 35 anos e prevê investimentos que ultrapassam R$ 1,2 bilhão ao longo desse período.
O consórcio foi responsável por construir o hospital, mobiliar e instalar equipamentos médicos e, assim que a obra ficar pronta, também irá administrar os serviços de recepção, laboratório, nutrição, segurança, manutenção predial, tecnologia e hotelaria.
Padrão de qualidade x economia
A elevação no padrão de qualidade da obra e dos equipamentos entregues, por conta da PPP, também representa um ganho financeiro. Sem contar as contas de água e luz, que também são responsabilidade do consórcio.
Essa modelagem de administração também facilita na hora das manutenções. A prefeitura não precisa abrir licitação para consertar um equipamento que quebrou ou comprar um novo, arrumar um elevador que parou de funcionar. Tudo é responsabilidade do consórcio que, por tratar-se de uma empresa privada, tem mais agilidade e facilidade nesses processos de orçamento, contratação e compra. A prefeitura só paga a contraprestação mensal fixada no contrato e a PPP cuida de tudo.
O aporte da prefeitura foi de aproximadamente R$126 milhões em valores atualizados, provenientes de recursos próprios da administração municipal, por meio do programa de investimentos Avança Pinhais. Também houve contrapartida do parceiro privado e apoio do Governo do Estado para a construção.
“A decisão de aquisição de equipamentos médicos e infraestrutura predial com padrão superior ao exigido no edital, com estrutura mais moderna, tecnológica e conectada do Brasil, foi do Consórcio”, explica Thiago Madureira, gestor do Saúde Pinhais.
Hospital conectado e inteligente
A conectividade e inteligência artificial em saúde é realidade no empreendimento. O Hospital e Maternidade Municipal Papa Francisco é um dos primeiros hospitais do Paraná a possuir o sistema IoT (Internet of Things, ou, em tradução, Internet das Coisas).
O engenheiro clínico do consórcio, Juliano Betim Cozitski, destaca que o projeto tem conceitos avançados de integração hospitalar e conectividade entre os equipamentos médicos. “A maioria dos dispositivos será conectada a um único software central, capaz de monitorar, registrar e gerenciar dados em tempo real, permitindo inclusive acesso remoto por equipes técnicas autorizadas”, explica Juliano.
O prontuário do paciente é abastecido em tempo real com resultados de exames, consultas e até sinais vitais, caso a pessoa esteja internada. O médico pode acessar tudo pelo celular, ver as câmeras de monitoramento do leito do paciente e receber alerta de situações críticas, orientando a equipe em decisões de urgência.
“Essa infraestrutura tecnológica cria um ecossistema hospitalar inteligente, tornando contínuo o acompanhamento do desempenho clínico”, observou Sabrina Nizer Lemes, diretora administrativa do Consórcio Saúde Pinhais.
No centro cirúrgico, os equipamentos fazem a medição de gases medicinais como oxigênio, óxido nitroso e agentes anestésicos administrados no paciente. Monitorar anestésicos permite prever quanto tempo o paciente ficará sedado na UTI e na sala cirúrgica. O sistema central interpreta os dados para otimizar os recursos e abrir espaço para mais cirurgias e internações.
As camas da UTI monitoram peso e movimentações voluntárias e involuntárias do paciente, bem como a abertura das grades. A central de monitorização recebe os dados, interpreta e emite alertas quando necessário.
Já a inteligência artificial está em diversos equipamentos, entre eles, no tomógrafo, raio-x, ultrassons e nos T bilirrubinômetros de última geração, que medem o nível de substância associada à icterícia em recém-nascido, por meio de um sensor colocado na orelha do bebê. O equipamento elimina a necessidade de coletas de sangue e envio de amostras ao laboratório, reduz o risco de contaminação, desconforto e acelera o diagnóstico. Os dados entram em tempo real no prontuário. O recurso é inédito na grande Curitiba.




