A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), realizou a cerimônia de lançamento do guia dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) para o tratamento preventivo da tuberculose, nesta sexta-feira, 29/9. A programação foi realizada no auditório da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e contou com a participação de agentes e gestores de unidades de saúde.
O guia foi elaborado pelo Comitê Comunitário de Acompanhamento em Pesquisas do ExpandTPT, programa que tem como foco a expansão do Tratamento Preventivo da Tuberculose, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde, a Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose e o Centro Internacional de Tuberculose da Universidade McGill (Canadá).
A coordenadora local do ExpandTPT e técnica do Núcleo de Controle da Tuberculose da Semsa, a enfermeira Dinah Cordeiro, explicou que o guia foi elaborado com o envolvimento de 18 ACSs do município de Manaus, além de profissionais de Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), cidades que também integram programa, e inclui informações e orientações sobre a identificação, avaliação e tratamento preventivo dos contatos de pessoas com tuberculose pulmonar.
“Todo o conteúdo da cartilha foi revisado e adaptado para o uso nas atividades diárias dos ACSs, que são profissionais essenciais no combate à tuberculose. Eles atuam de forma muito próxima das comunidades, realizam visitas domiciliares, com uma escuta qualificada, e por isso são importantes na identificação dos contatos, no acompanhamento de exames e mesmo no tratamento preventivo da tuberculose”, destacou Dinah Cordeiro.
O município de Manaus recebeu um quantitativo de 1.000 guias dos ACSs para TPT, que serão distribuídas inicialmente entre os ACSs das 53 Unidades de Saúde que fazem parte das ações do programa ExpandTPT.
Apoio
Durante a cerimônia de lançamento, o subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, Djalma Coelho, destacou que o guia é um instrumento facilitador do trabalho diário do ACS, representando mais um avanço no controle e prevenção da tuberculose.
“O guia tem informações que o ACS poderá utilizar para se orientar sobre protocolos e condutas que a tuberculose exige e para orientar a população. Juntamente com outras estratégias executadas pela Semsa, o guia vai ajudar no objetivo final que é o controle da tuberculose em Manaus”, afirmou Djalma Coelho.
A ACS Sandra Mara Ramos Silva, que atua na Unidade Básica de Saúde (UBS) Megumo Kado, bairro Educandos, fez parte da equipe de 18 ACSs de Manaus que colaborou na elaboração do guia e destacou a importância do trabalho no controle e prevenção da tuberculose.
“Eu considero que é um divisor de águas porque é algo que a gente precisava para chegar junto com a comunidade e ter uma forma mais fácil de explicar a importância do tratamento, da prevenção, da realização dos exames. Tudo isso de forma prática e sucinta, que vai ajudar a gente a ter sucesso no nosso trabalho”, afirmou Sandra Mara.
Latente
Entre as informações do guia, um dos destaques é importância do tratamento da Infecção Latente da Tuberculose (ILTB), que ocorre quando a pessoa foi infectada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis, mas não adoeceu, não tem sintomas e não transmite a doença, mas apresenta risco de adoecer em qualquer momento. Como a tuberculose é uma doença transmissível, todas as pessoas que tiveram contato próximo e prolongado com pacientes que receberam diagnóstico confirmado de tuberculose ativa devem ser avaliados para a identificação de casos de tuberculose latente.
Segundo o Núcleo de Controle de Tuberculose da Semsa, o enfermeiro Daniel Sacramento, Manaus registrou, em 2023, 1.015 pessoas que realizaram tratamento para tuberculose latente, com aumento de 21% em relação ao total do ano passado.
“São pessoas que não estavam doentes com a tuberculose, mas que tinham um risco aumentado para a doença por ter tido contato com uma pessoa diagnosticada com tuberculose ativa. Então, foi realizado um trabalho para identificar esses contatos, realizar exames para diagnosticar a infecção latente e tratar os pacientes”, explicou Daniel Sacramento.
O enfermeiro esclareceu ainda que pode levar pelo menos dois anos para o paciente desenvolver a doença a partir da infecção, e nesse período há a oportunidade para proteger os contatos com o tratamento preventivo para a ILTB.
“A ideia é focar não apenas no diagnóstico e tratamento da tuberculose ativa, mas também na identificação dos contatos, diagnóstico e tratamento da infecção latente, o que vai evitar o adoecimento. Com o guia que foi lançado hoje, os ACSs têm mais uma ferramenta para ajudar na execução desse trabalho, sendo essenciais na aproximação entre a comunidade e o serviço de saúde, assim como em convencer a população sobre a importância das ações preventivas”, reforçou Daniel Sacramento.
De acordo com o guia, podem ser considerados como exemplo de contatos próximos de pacientes com tuberculose e que devem ser avaliados pelos serviços de saúde, pessoas que são: membros da família; colegas de quarto; amigos, namorados, parceiros sexuais dos membros da família; cuidadores, babás e empregados domésticos e faxineiros; pessoas que vivem em moradias comunitárias, como alojamentos, asilos, abrigos, pensões e dormitórios; colegas de trabalho, de escola e amigos que o paciente vê com frequência.
Transmissão
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, conhecida como bacilo de Koch. A transmissão da tuberculose ocorre quando, ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa, ainda sem tratamento, lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas.
Este ano, Manaus já registrou 1.982 casos de tuberculose.
O tratamento da tuberculose ativa dura no mínimo seis meses e da tuberculose latente dura três meses, e estão disponíveis de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS).
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Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa