Para a psicopedagoga e escritora Paula Furtado, a lei oferece apoio, mas a presença afetuosa e a escuta ativa dentro de casa são insubstituíveis
Nesta quarta-feira (27), o Senado aprovou o Projeto de Lei 2628/22, que trata da adultização infantil. Esse projeto surgiu em meio a denúncias, prisões e ameaças ligadas à exploração de menores no ambiente digital. Agora, obriga as plataformas digitais a adotarem medidas contra crimes na internet e as Big Techs a removerem conteúdos abusivos direcionados a menores de idade – antes de virar lei, o texto precisará da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para a psicopedagoga e escritora Paula Furtado, mesmo que essa lei tenha um papel coletivo de ajudar a colocar a infância no centro da pauta social e proteger crianças e adolescentes, não é o suficiente. “A proteção essencial vem do envolvimento dos pais e responsáveis. São eles que precisam acompanhar, orientar e estabelecer limites no uso das telas e nas cobranças do dia a dia. A lei oferece apoio, mas a presença afetuosa e a escuta ativa dentro de casa são insubstituíveis”.
A profissional destaca que as redes sociais expõem as crianças a conteúdos que invadem a infância, incentivam comparações, favorecem a sexualização precoce e impõem padrões irreais, justamente em uma fase da vida em que o brincar, a imaginação e a espontaneidade deveriam prevalecer.
A importância do Diálogo
Segundo Paula, talvez esse PL não fosse necessário se os pais conversassem abertamente com seus filhos sobre os riscos digitais, controlassem o uso de telas e fizessem espaço para que a criança pudesse, de fato, ser criança. “Se desde o começo houvesse mais diálogo, acompanhamento e equilíbrio nas rotinas, talvez não estivéssemos nessa situação. Os adultos poderiam ter incentivado brincadeiras, leitura e esportes às crianças, em vez de apenas compromissos e responsabilidades”, reforça a profissional em educação.
Sobre Paula Furtado
Paula é pedagoga, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com especialização em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia (Facon-SP), Educação Especial, Arte de Contar Histórias e Arteterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae e Leitura e Escrita, também pela PUC-SP. A profissional já atuou como assessora pedagógica em escolas públicas e particulares.
Paula Furtado atende crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizado, incluindo casos complexos envolvendo traumas e situações de vulnerabilidade emocional. Nesta área da educação, a pedagoga ministra cursos para formação de educadores nas instituições de ensino público e particular e realiza palestras para pais sobre a importância de contar histórias.
Autora de mais de 100 livros infantojuvenis e criadora de jogos pedagógicos inovadores, Paula também escreve para revistas especializadas em educação e infância.