Policiais militares do DF alegam dificuldades para conseguir assistência psicológica e psiquiátrica contra alcoolismo e uso de drogas. Após o Metrópoles expor que o Centro de Atendimento Psicológico e Social (Caps) da corporação não oferece mais programas para esse tipo de tratamento, praças e oficiais entraram em contato com a reportagem para relatar dramas.
No local, funcionava o Programa de Resgate à Autoestima e Valorização da Vida (Praev) e a Seção de Assistência Social, Programa de Recuperação e Apoio ao Dependente Químico (Pradeq), porém, eles pararam de funcionar com o início da pandemia do novo coronavírus.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o Caps não está fechado fisicamente. No entanto, os atendimentos não são mais prestados no local. De acordo com a PM, a corporação tem 13 clínicas credenciadas com suporte em psicoterapia, duas de saúde mental e internação e duas clínicas de psiquiatria. Veja lista.
Por outro lado, os relatos são de falta de apoio. A esposa de um policial militar afirmou que o acolhimento não funciona há algum tempo e que é difícil conseguir marcar consulta fora do Caps, nas clínicas conveniadas. “No Caps, tem apenas um médico psicólogo. Não estava sabendo do fim dos programas, mas lá não se consegue atendimento há muito tempo”, pontuou Maria*.
Outro PM ressaltou que o psicólogo no local está hoje somente prestando serviços administrativos. “Os dois programas estão desativados. A estrutura do Caps está aberta, mas não tem atendimento. Por mais que exista a rede credenciada, não conseguimos marcar”, afirmou.
“Frescura”
Em tratamento psiquiátrico desde 2016 e afastado de suas funções, o policial militar João* contou ao Metrópoles que não conseguiu agendar consultas e teve de pagar psiquiatras por fora. “Eles acham que depressão é frescura. A PM só quer o retorno do policial nas ruas. Dizem que tem atendimento psicológico, mas não tem”, lamentou.
O presidente da Associação Caserna, que representa cerca de 200 policiais militares, Carlos Victor Fernandes Vitório, conhecido como Vitório, ressaltou que o Caps tinha preocupação com os PMs que apresentavam alcoolemia e depressão. No entanto, durante a quarentena, a associação recebeu uma série de reclamações sobre a falta de assistência.
“Hoje, os policiais militares são vistos somente como números. Poucos se importam com a vida. Não há uma busca pela cura dos policiais, apenas pelo retorno rápido ao trabalho”, analisou o presidente da entidade.
Caps
O Caps fica no Setor de Áreas Isoladas Sul (Setor Policial Sul), Área Especial 4. Há uma clínica associada em Sobradinho, que também presta o atendimento social. No entanto, os profissionais alegam necessitar da assistência ofertada no local criado para esse fim. É no Caps, por exemplo, que seriam feitos os encaminhamentos para a rede credenciada (psicoterapia, ambulatório de psiquiatria e internações).
FONTE: METRÓPOLES