Doença atinge mais de 15 mil brasileiros por ano e costuma ser descoberta tardiamente, o que reduz as chances de cura
O câncer bucal é o quinto mais comum do Brasil e a ocorrência anual é de cerca de 15,1 mil casos, sendo a maioria em homens, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A maior parte dos pacientes é diagnosticada em estágio avançado, por isso a prevenção e o reconhecimento dos primeiros sinais são duas medidas essenciais para combater a doença.
Um dos fatores que contribui para a descoberta tardia do câncer é a falta de informações sobre a condição. A Semana Nacional de Prevenção do Câncer Bucal, realizada anualmente de 01 a 07 de novembro, busca reduzir esse problema. A campanha foi criada por meio da Lei n.º 13.230/2015.
Cirurgiã-dentista e professora do curso auxiliar em saúde bucal do Centro de Ensino Técnico (Centec), Cláudia Rita Pinto Martins afirma que as medidas preventivas são simples e acessíveis, mas precisam ser incorporadas ao dia a dia.
“A prevenção começa com o básico, incluindo a escovação adequada pelo menos três vezes ao dia, uso diário do fio dental e visitas regulares ao dentista”, orienta. Além disso, é importante ter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e alimentos naturais, que fortalecem o sistema imunológico e a saúde geral. Ao mesmo tempo, evitar o excesso de álcool e o tabagismo, dois dos principais fatores de risco para o câncer bucal.
Outra medida importante de prevenção é a ida a um consultório odontológico a cada seis meses. Embora o espaço seja voltado à manutenção dos cuidados com a boca, especialmente contra cáries, gengivites e doenças similares, o atendimento pode contribuir para a identificação de alguns sinais do câncer. Os dentistas, acompanhados pela equipe de técnicos e auxiliares de saúde bucal, podem ajudar em casos suspeitos e indicar um médico oncologista ou dentista estomatologista (especializado em doenças da boca).
Segundo Cláudia Rita, entre os principais sinais estão feridas na boca que não cicatrizam por mais de 15 dias; manchas brancas ou vermelhas; nódulos ou áreas endurecidas; sangramentos sem causa aparente; dor persistente ou dificuldade de engolir.
Ela destaca que os próprios técnicos e auxiliares em saúde bucal, embora não tenham atribuição para realizar diagnósticos, desempenham um papel fundamental na prevenção da doença. “Eles atuam na parte educativa, podem dar palestras e fornecer orientações sobre como prevenir o câncer e outras doenças. No caso do auxiliar em saúde bucal, é algo que tratamos em aula, no módulo sobre patologias”, comenta.
Diagnóstico e tratamento
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de boca é normalmente identificado pelo exame clínico (visual). Caso o dentista ou médico suspeite de câncer de boca após o exame clínico visual, uma biópsia (retirada de um pequeno fragmento da lesão para exame laboratorial) é realizada. Esse procedimento, na grande maioria das vezes, pode ser feito de forma ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado.
Outros exames como a tomografia computadorizada, ressonância magnética ou radiografia podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico e na avaliação da extensão do tumor.
Quando o câncer é diagnosticado, a fase seguinte é a avaliação do médico para o tratamento indicado. Na maioria dos casos, a solução é cirúrgica, tanto para lesões menores quanto para tumores maiores. A radioterapia e a quimioterapia exclusivas também podem ser indicadas em alguns casos específicos.
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