“Ninguém nunca vai poder acusar o governador do Amazonas de traidor.” Essa declaração de Wilson Lima em 2022 parece ironicamente desmentida nos últimos acontecimentos.
Após a emissora amazonense TV A Crítica acusar Wilson Lima de traição pela revogação da exclusividade da transmissão do Festival Folclórico de Parintins, o governador tem enfrentado críticas severas. Não é a primeira vez que Wilson desaponta aqueles que o apoiaram, considerando sua antiga carreira como apresentador na mesma emissora antes de assumir o cargo de governador.
Em um vídeo divulgado pelo advogado e professor universitário Eduardo Bessa, são expostos diversos episódios de deslealdade de Wilson Lima, tanto com aliados internos quanto com a população, ao longo dos últimos 6 anos como governador do Amazonas. Bessa ressalta a falta de lealdade do governador.
“Para o mundo público, para a carreira pública, Wilson Lima era um desconhecido. Foi através das telas da TV A Crítica que ele se projetou e conseguiu chegar ao poder, com o apoio da poderosa rede de comunicação Calderaro. No entanto, num ato frio e totalmente ingrato, Wilson Lima retirou daquela emissora, que tantas vezes se dedicou a manter o Festival Folclórico de Parintins, a exclusividade de transmissão. Desde 1988, nos momentos de crise dos bumbás, a TV A Crítica esteve ao lado do festival, muitas vezes adiantando repasses e recursos. Mesmo quando o governo se ausentou, a TV A Crítica permaneceu presente. O gesto de ingratidão de Wilson contra aqueles que geram empregos em nossa terra foi evidente ao abrir mão da exclusividade em favor da TV Globo, mesmo sabendo dos problemas que essa emissora enfrentou ao cobrir o festival em outras ocasiões. O que Wilson fez com a TV A Crítica reflete muito bem sua postura em relação àqueles que sempre estiveram ao seu lado” destacou Eduardo Bessa.
Além das críticas recentes em relação ao festival e à transmissão do Festival Folclórico de Parintins, Bessa destaca outras ações de Wilson Lima que prejudicaram a segurança pública e a saúde do estado, sugerindo que ele pode ter sido o pior governador da história do Amazonas para o serviço público.
Traições Constantes
Carol Braz era o nome favorito do governo, e apesar do pouco tempo para trabalhar sua musculatura política, seu trabalho à frente da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejusc) lhe rendeu uma boa performance como pré-candidata. Ela foi vítima de uma “pernada” do atual governador ao ser forçada pelo seu partido na época, o PSC, a retirar sua pré-candidatura à Prefeitura de Manaus nas eleições de 2020.
Quem também “levou pernada” foi Gelson Albuquerque, conhecido como Guma, que prometeu não trair seu povo, ao contrário de Wilson Lima. Em 2022, Guma recebeu o convite da então pré-candidata ao Governo, a defensora pública e ex-secretária de Justiça e Cidadania, Carol Braz. Na época, Guma disse ainda que não trairá seu povo, tão pouco dará pernada nas pessoas como fez o seu ex-aliado e ex-amigo Wilson Lima. Entramos em contato com ele, e o mesmo já se encontra desacreditado depois de todas as situações: “Com a minha fala ou não, não vai mudar em nada. Se mudasse, já tinha mudado desde o começo. Resumindo não tenho nada a declarar”.
Demonstrando ingratidão, Wilson Lima não retribuirá o apoio que o prefeito David Almeida prestou em sua reeleição, em 2022. Em dezembro do ano passado, inclusive, o prefeito chegou a afirmar que a indicação do candidato a vice-prefeito para tentativa de reeleição dele precisava da aprovação de Wilson Lima por causa do acordo firmado nas Eleições de 2022, no qual o atual vice-governador Tadeu de Souza (Avante) foi uma indicação de David Almeida.
Mostrando que as “traições” se estendem também para a população amazonense, cerca de 26,7 mil servidores da Secretaria de Estado de Educação e Desporto se revoltaram após a redução do valor pago do abono do Fundeb em 2021. Ao contrário dos valores pagos no ano anterior, quando os recursos do Fundeb repassados aos profissionais da educação atingiram valores de até R$ 32 mil para professores com três cadeiras, ou seja, 60 horas de trabalho, o abono pago com recursos do Fundeb variou apenas de R$ 4 mil a R$ 12 mil.
Texto: Fernanda Lopes e Gabrielle Alves