Com o foco da Black Friday no e-commerce em função da pandemia, lojistas passaram a investir no segmento de vendas. No entanto, o Decreto Estadual n⁰ 42.330, de 28 de maio de 2020, que delineia protocolos de segurança nos estabelecimentos no Amazonas, gerou outros transtornos para os vendedores e consumidores. Em Manaus, cerca de 800 reclamações foram realizadas por clientes neste ano, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL), o quantitativo é reflexo da insatisfação dos consumidores com as promoções neste ano.
O presidente da CDL em Manaus, Ralph Assayag, explicou que 50% dos consumidores reclamaram por insatisfação nos preços por esperarem promoções melhores. Já para a outra metade, a reivindicação surgiu por conta da demora nas entregas. “Como teve um volume maior de vendas on-line, agregado ao problema no trânsito com uma avenida fechada, houve reclamações, mas acredito que boa parte foi resolvida”.
Essa insatisfação foi sentida pelo designer Leonardo Cruz, que não comprou nada neste ano. Com o desejo de adquirir o tão sonhado notebook, que havia comprado no ano passado e vendeu para lucrar enquanto estava novo, Cruz pretende obter outro só em 2021. “Como previa, a alta do dólar não me ajudou. Pretendo ver como vai estar o preço em fevereiro”, lamentou.
Já o técnico em contabilidade Osmário Xavier Junior, comprou uma TV por necessidade. Por conta de um raio, que caiu próximo à sua casa, na Zona Leste de Manaus, a televisão de sua casa queimou. Na expectativa de encontrar um preço baixo na Black Friday, o consumidor chegou a pesquisar em lojas o menor valor.
“Sem a promoção, a TV de 50 polegadas da Samsung sairia a R$2.700,00. Consegui economizar 500 reais ao pagar à vista. Mas a maioria das coisas não estava em promoção, como muitos esperavam”, contou Xavier, que pretendia comprar outros itens.
Resultado das vendas
Antes do dia D, a CDL-Manaus previa 7% de lucro nas vendas on-line e 3% a 4% para as presenciais. O resultado da Black Friday na capital amazonense ficou dentro da estimativa, segundo o presidente do órgão. “Tivemos 7% na área de vendas on-line, porque muitas lojas estavam preparadas para esse serviço, adaptadas por conta da pandemia. Em relação aos negócios presenciais, ficaram em torno de 3%, não chegando a 4%. Algumas lojas superaram e outras não”, revelou Ralph.
Ainda segundo o representante da CDL, a insatisfação dos clientes surgiu porque os clientes esperaram uma Black Friday como os anos anteriores, com os shoppings lotados e as festas promocionais. Com o decreto da restrição, o comércio foi orientado a obedecer para evitar maiores restrições no final do ano, com as vendas natalinas.
Outro efeito da redução das compras em lojas físicas foi o corte no número de contratações. Nos últimos anos, a contratação começava no primeiro dia de novembro para essa promoção e depois para o Natal. “Não vamos contratar o mesmo número para essas festividades até o final do ano. Devemos ter duas mil a duas mil e 500 pessoas contratadas, ou seja, 50% menos do que os outros anos. Era melhor atuar respeitosamente o decreto para que a gente não perdesse o Natal, com ordens mais restritivas”, ponderou Ralph.
Dados nacionais
No Brasil, 9. 160 de ocorrências foram realizadas em relação à Black Friday, segundo o site ‘Reclame Aqui’. Em relação a 2019, houve um aumento de 4,09%, quando o número de reclamações era de 8.800. Das reinvindicações, 27,01% foram destinadas às propagandas enganosas, acompanhada de problemas na finalização das compras, chegando a 10,12%.
Fonte: Em Tempo