Desde o início da campanha de vacinação contra a dengue no Brasil, os sistemas de farmacovigilância do Ministério da Saúde registraram 529 notificações de eventos possivelmente associados à Qdenga, num universo de 365 mil doses aplicadas. Segundo o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Eder Gatti, mais de 80% desses eventos são classificados como leves e corriqueiros, destacando a segurança do imunizante.
Entre as 529 notificações, 70 foram de reações alérgicas à vacina. Destas, 28 casos foram de hipersensibilidade imediata, 11 de reações locais como vermelhidão e coceira, 10 de urticária e manifestações cutâneas, e 16 de alergias mais intensas ou anafilaxia. O diretor explicou que os sintomas variam desde quadros leves, como diarreia, até manifestações pulmonares, como broncoespasmo e tosse. Três desses casos apresentaram choque.
Eder Gatti destacou que, em relação ao total de doses aplicadas, o número de eventos adversos é considerado “relativamente pequeno”. Ele ressaltou que a vacinação ocorreu em diferentes locais, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS), a rede particular e iniciativas como a imunização em massa no município de Dourados, Mato Grosso do Sul.
“Todas essas são reações de curto intervalo de tempo após a vacinação. A média é de 10 minutos. Todas tiveram o devido acolhimento e foram atendidas, evoluíram para cura e, apesar de alguns casos de observação após o evento, não houve hospitalizações”, afirmou Gatti.
O diretor informou que a faixa etária dos pacientes que registraram notificação de reação adversa à vacina varia de 4 a 21 anos. Além disso, os casos estão distribuídos em mais de um município, e não há qualquer relação com um lote específico do imunizante.
Apesar do número considerado pequeno em relação às doses aplicadas, o Ministério da Saúde, em sua rotina de farmacovigilância, empenha-se na transparência e segurança da vacinação. Após discussão com especialistas, foi elaborada uma nota técnica esclarecendo os dados e reforçando a importância da vigilância constante.
A nota destaca que todos os casos foram prontamente atendidos, evoluindo para a cura, e ressalta o compromisso em manter a população informada sobre quaisquer eventos adversos relacionados às vacinas.
Orientações
Em nota técnica, o Ministério da Saúde pasta listou algumas recomendações para profissionais de saúde responsáveis pela imunização nos municípios:
– sempre questionar se a pessoa tem histórico de alergia;
– se houver histórico de alergia, aplicar a vacina e pedir que a pessoa aguarde 30 minutos dentro da unidade de saúde;
– se não houver histórico de alergia, aplicar a vacina e pedir que a pessoa aguarde 15 minutos dentro da unidade de saúde;
– quando a pessoa retornar para receber a segunda dose, questionar se houve alergia à época da primeira dose;
– evitar a chamada vacinação extramuro, realizada fora das salas de vacina, e dar prioridade à distribuição das doses em ambientes em que há condições de fazer o devido acolhimento em casos de reação;
– evitar vacinação concomitantes (aplicação de mais de uma vacina).
“Para o Ministério da Saúde, a vacina é considerada segura e eficaz. A estratégia de vacinação continua, o sistema de farmacovigilância vai continuar analisando os dados e, obviamente, continuaremos com a nossa vigilância”, concluiu o diretor do Programa Nacional de Imunização.
AMPOST