Capacitar e fortalecer grupos artísticos, coletivos culturais e associações da periferia do Amazonas, oferecendo ferramentas e conhecimentos que os tornem protagonistas no enfrentamento à crise climática, é o propósito do projeto “Grito Rua – Clima e Cultura”. Realizada pela Associação Intercultural de Hip-Hop Urbanos da Amazônia (AIHHUAM), em parceria com o Instituto Cultura, Comunicação e Incidência (ICCI), a iniciativa incentivou a ocupação de espaços públicos urbanos em diversas ações que impactaram mais de 300 pessoas ao longo de 2025.
Mel Angeoles, vice-presidente da AIHHUAM e coordenadora do festival, ressalta o valor do projeto para a sensibilização dos coletivos artísticos diante das mudanças climáticas.
“O projeto nasceu da urgência de enfrentar os efeitos climáticos nas periferias, onde os impactos são mais severos e o acesso à informação e aos recursos ainda é limitado. Ao investir na formação e no fortalecimento de coletivos culturais, o ‘Grito Rua’ reconhece o território como espaço de potência criativa e promove o protagonismo comunitário na luta ambiental”, detalha.
Todos os anos, o projeto abre seleções para diversos coletivos da capital e de municípios do interior amazonense. Quando selecionados, os participantes têm acesso a uma jornada formativa que aborda desde os impactos socioambientais da crise climática até estratégias práticas de mobilização, além de discutir o papel da arte como instrumento de resistência e transformação social.
Ao final, todos recebem um apoio financeiro para aquisição de equipamentos e realização de atividades práticas em suas comunidades.
“Acreditamos que cada território carrega uma força criativa única. Quando a arte ocupa as ruas, ela mobiliza, informa e transforma realidades. Este projeto nasce para preparar nossos coletivos para agir agora”, finaliza Angeoles.
Coletivos participantes
A edição de 2025 reuniu nove coletivos artísticos e periféricos do estado, em iniciativas que envolveram dança, teatro, batalhas de rima, grafismo, cinema social, feiras de economia criativa e atividades esportivas.
Um deles foi o Estúdio Buriti Artes e Quadrinhos com o projeto “Cidade Flutuante”, que trabalhou os impactos da poluição dos rios e das mudanças climáticas na Orla da União, bairro periférico de Parintins (município a 369 quilômetros de Manaus). A iniciativa envolveu diálogos com os moradores dos flutuantes, estudantes, jovens e artistas que participaram de oficinas de grafismo, dança de hip-hop, canto de rap e outras atividades culturais promovidas pelo coletivo.
“Nós tivemos um resultado muito inesperado. Há algumas áreas em que os moradores não gostam dessas intervenções, mas tivemos a grata surpresa de muita receptividade e eles desejaram nos ajudar nesse processo. A entrega deste mini-documentário foi fundamental para a galera entender o quanto a Orla da União é muito especial”, compartilha Rafael Pimentel, representante do coletivo.
Para celebrar o Dia da Amazônia, o grupo lançou um mini-documentário sobre os impactos da poluição nos rios e das mudanças climáticas na região. O produto está disponível nas redes sociais pelo link: www.instagram.com/reel/DOOjirFjqSD/.
“Esse impacto não foi somente para os moradores, mas também para nós que estávamos produzindo. Com certeza, conseguimos construir um pensamento coletivo e artístico, mas também comunitário – que era a nossa ideia. Foi um trabalho muito bonito que gostamos de executar”, finaliza Pimentel.
Neste ano, também participaram os coletivos: Cine Palafita, Bruxos do Norte, Coletivo Jiquitaia, Casa Teatro Taua Caá, PV7, Ritmo 3 Crew, Associação São Francisco Bujaru e o Centro Cultural Zé Amador (município de Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros da capital).
Mais informações sobre o projeto “Grito Rua – Clima e Cultura” estão disponíveis no site, www.aihhuam.com.br, e nas redes sociais: @aihhuam.




