No estado do Amazonas, empresários do setor do comércio e transporte fluvial de cargas estão enfrentando grandes preocupações devido à seca severa que atingiu uma marca histórica hoje (16). Essa situação tem gerado uma série de consequências negativas, incluindo possíveis problemas de desabastecimento e a queda na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Uma reunião foi realizada nesta segunda-feira (16) para debater os desafios enfrentados pelos transportadores de cargas durante esse período de seca. Durante o encontro, os representantes discutiram a dificuldade de realizar o transporte de cargas pelos rios do Amazonas. Foi relatado que os navios de grande porte não conseguem mais passar pela região do Foz do Madeira desde a semana passada e essa situação deve se manter até o início do mês de novembro. Como resultado, algumas cargas já estão sendo redirecionadas para outros portos, como os localizados no Ceará e Pará.
O Porto Chibatão, um dos grandes da América Latina, comunicou na semana passada aos clientes e parceiros sobre a restrição temporária da entrada de navios em Manaus. O local que recebia que recebia em média 15 mil containers, com a seca, praticamente zerou.
“A profundidade nessa área do Madeira, que é o Foz do Madeira, aquela região de Itacoatiara, chegou ao nível 6,94 metros, ou seja, isso significa praticamente o navio vazio. Então não faz sentido um navio navegar nessa região sem cargas para Manaus ou sair sem cargas de Manaus, ou seja, Manaus vai ficar praticamente um mês sem receber navios”, explicou o diretor executivo do Porto do Chibatão, Jhony Fidilis.
Luiz Gastalde, um dos empresários presentes na reunião, alertou para a possibilidade de desabastecimento de alimentos devido ao medo dos consumidores em relação à falta de produtos nas prateleiras. Ele explicou que quando as pessoas se preocupam com a escassez de alimentos, tendem a aumentar suas compras e estoques. Esse aumento na demanda pode levar ao desabastecimento e gerar ainda mais preocupações para o setor.
“O que ocorre é dentro de um contexto, do estoque que você tem, de repente, você não vai ter um aumento de vendas de digamos de uma sandália mas de alimentos, essas coisas, a tendência é as pessoas começarem a estocar, isso é que vai trazer o desabastecimento”, disse.
Além das dificuldades enfrentadas pelos transportadores de cargas, a seca severa também está impactando a arrecadação do estado por meio do ICMS. Com o transporte de cargas sendo afetado e a possibilidade de desabastecimento, as vendas de diversos produtos podem ser impactadas negativamente. Isso resultará em uma redução na arrecadação de impostos pelo governo, que depende das atividades comerciais para obter recursos que são essenciais para a manutenção dos serviços públicos.
Diante dessa preocupante situação, as empresas do setor do comércio e transporte fluvial de cargas estão buscando soluções para minimizar os impactos. Uma das alternativas encontradas é redirecionar as cargas para portos localizados em outros estados, como Ceará e Pará. Dessa forma, espera-se garantir o abastecimento de alimentos e outros produtos essenciais para a população amazonense.
O presidente da Fecomércio AM, Anderson Frota, disse que medidas devem ser tomadas logo. A dragagem na região do Madeira ainda não começou e também a reconstrução da BR-319. Ele prevê uma queda da arrecadação do ICMS no final do ano por causa dessas problemas.