Público pode conferir a mostra no Museu de Arte de Belém. Ocupação Cultural também conta com ativações no Pavilhão de Cultura da Zona Azul na COP30
A ocupação cultural “VAZIOsobreTERRA: cocriar como rota de fuga” (“Absent Matters: co-creating as an emergency exit”), vinda da África do Sul, chega à COP30 para debater o impacto que a mineração tem na crise climática e na vida das pessoas. A iniciativa apresenta a exposição homônima com cerca de 35 artistas, em sua maioria do Sul Global, no Museu de Arte de Belém (MABE). A mostra fica em cartaz até 9 de fevereiro, com entrada gratuita, de terça à sexta das 9h às 14h, e aos domingos das 9h às 13h.
Além da exposição, também foi realizado um Intercâmbio Cultural com a Casa Constelar Ancestral Janeraka e o público também pode conferir uma ativação no Pavilhão de Entretenimento e Cultura na Zona Azul da COP30, espaço onde ocorrem as negociações oficiais da Cúpula de Líderes. Em uma COP onde o discurso sobre a transição energética e seus desafios está intimamente ligado à indústria da mineração, particularmente à extração de minerais raros, é crucial e urgente destacar o papel da mineração no atual colapso ambiental e examinar outros caminhos para “transições justas” e por ecossistemas vivos.
Apresentando artistas de mais de dez países, “VAZIOsobreTERRA” é um convite ao diálogo estético, político e sensorial de perspectivas e vivências plurais e descentralizadas.
Diante de uma crise ambiental que ameaça, de forma desigual, mas toda a humanidade, o projeto propõe uma abordagem que reconheça e abrace os conhecimento de resistência e regeneração das comunidades mais afetadas pela mineração e colapso climático – mulheres, população negra, povos da floresta, comunidade LGBTQIA+, zonas rurais, etc.
O projeto é uma ativação da New Futures Art Collaborative, programa de residência artística iniciado na África do Sul em parceria com artistas e coletivos brasileiros. Em Belém, o projeto estabelece uma aproximação do diálogo entre os contexto sul-americano, sul-africano e a COP30, além de se conectar com artistas e comunidades locais.
A ocupação é uma realização do Coletivo WEBS – Tecendo Sistemas Educacionais Biomiméticos, da Iniciativa da Mudança US (IoFC USA) e da ART AFRICA, com o apoio do MABE, do Instituto Janeraka e do Pavilhão de Cultura + Entretenimento, e conta com a colaboração artística da discoderiva e do Instituto Mundos. A Guerrand Hermes Foundation for Peace (GHPF) é cofinanciadora do projeto. “VAZIOsobreTERRA” une-se ao movimento de “mutirão global” para criar soluções baseadas na cultura para o discurso, as políticas e os acordos sobre a crise climática.
Artistas do Sul Global
“Reunindo cerca de 35 artistas locais, nacionais e globais, a exposição cria ligações entre geografias, conectando corpos e terras, sistemas de extração, como a mineração, e opressão, como o racismo e o patriarcado, trazendo estratégias de reparação e ecologias cuier” explica Elsa Cuissard, produtora criativa internacional e co-idealizadora do circuito.
Os artistas participantes da mostra são Agnes Mensah Onumah (Ghana), Ana Elise Novais (Brasil), Anaïs Karenin (Brasil), Barbara Marcel (Brasil),Bekezela Mabena (Zimbawe), Chico Ribeiro (Brasil), EvNa (Brasil), Italo Almeida (Brasil), Isis Medeiros (Brasil), Juji (Brasil), Kenneth Ndumiso Shandu (South Africa), Kirimi Thuranira (Kenya), Lúcia Gomes (Brasil), Lukas Sterzenbach (Germany), Maleeha Bukhari (Pakistan), Morgana Mafra (Brasil), Maruee Pahuja (India), Nina Matos (Brasil), Nelson D (Brasil), Nilra Zoraloglu (Turkey), Ngugi Waweru( Kenya), Paula Sampaio (Brasil), Parimah Avani (Iran), Petchó Silveira (Brasil), Rebecca Bina (Brasil/UK), Riaz Ali (Pakistan); Sanchris Santos (Brasil), Shirley Krenak (Brasil),Sylvia Noronha (Brasil), Tatenda Mapisire (Zimbawe) e Yaka Hunikuin (Brasil). Além disso, participam os coletivos Amasonic (Netherlands), Instituto Mundos (Brasil), Janeraka Institute (Brasil), Discoderiva (Brasil) e Coletivo Webs (Global Collaborations).
Eixos centrais da exposição
A ocupação cultural e exposição “VAZIOsobreTERRA” se desenvolve em dois eixos centrais ao longo da programação.
1. Crítica à narrativa do “Futuro Sem Fim”
Desafiando a crença de que o avanço tecnológico garante progresso infinito, uma narrativa que alimenta a extração implacável de minerais raros em nome de uma suposta inovação, aqui, centraliza-se as vidas, os conflitos e as lutas que foram invisibilizados ou violentamente soterrados pela lógica extrativista — lutas pela terra, pela saúde e pelo próprio direito à vida.
2. Regeneração
Em um mundo onde o capitalismo global coloca a propriedade e a extração acima da vida, o projeto questiona: como podemos retornar à Terra e uns aos outros? Não de forma nostálgica, mas radicalmente. Como podemos reparar os imaginários diante do que foi explorado? E principalmente, o que a cultura e as populações locais têm a ensinar sobre resistência, colaborações e coexistência em outras humanidades possíveis para além da exploração e desigualdades.
Afinal, na raiz da crise climática estão narrativas de hierarquização que justificam a opressão e exploração de territórios, povos e espécies, levando à destruição sistemática da relação entre os humanos e a Terra. “Para reparar essa fratura, é preciso semear imaginários vivos, soluções baseadas na cultura que sejam capazes de valorizar a pluralidade de saberes para a construção de um futuro sustentado por cosmovisões colaborativas”, ressalta Isadora Canela, cofundadora do Collective webs e uma das idealizadoras do circuito.
SERVIÇO
VAZIOsobreTERRA Exposição | Museu de Arte de Belém
Até 09 de fevereiro de 2026
Praça Dom Pedro II, 2 – Cidade Velha, Belém – PA
Funcionamento: terça a sexta – 9h às 14h | domingos – 9h às 13h
Ativação na Zona Azul COP30
15 de novembro
Acesso restrito a participantes credenciados da zona azul
Sobre o Coletivo WEBS (Tecendo Sistemas Educacionais Biomiméticos) – Coletivo global inspirado em espécies que praticam a sustentabilidade muito antes dos humanos. Por meio da biomimética, o coletivo reencarna práticas ancestrais de sustentação da vida para desafiar narrativas dominantes e sistemas insustentáveis de exploração. Enraizada na educação, na micropolítica e na cura espiritual, cultiva espaços horizontais e participativos para refletir, aprender, desaprender e cocriar novos modos de existir. Seus projetos artísticos e educativos se fundamentam em metodologias decoloniais e plurais, concebidas para reimaginar futuros moldados pela reciprocidade e pelo cuidado mútuo entre pessoas, espécies e ecossistemas. Saiba mais em collectivewebs.com.
Sobre a Initiatives of Change US – Instituição norte-americana que trabalha com líderes comunitários, ativistas, agências governamentais, instituições educacionais, organizações sem fins lucrativos e setor empresarial para oferecer oportunidades mais inclusivas pelo mundo. Saiba mais em: us.iofc.org.




