Exército israelense divulga imagens que mostram terroristas transferindo e reenterrando restos mortais de reféns antes de visita da Cruz Vermelha; Ataque com RPG marca nova emboscada contra soldados na área de permanência delimitada pelo acordo em vigência
As Forças de Defesa de Israel (FDI) divulgaram nesta terça-feira imagens que mostram uma operação de propaganda do Hamas para simular a descoberta de corpos de reféns mortos em Gaza. As gravações revelariam terroristas do grupo palestino removendo restos mortais de um local preparado previamente e os reenterrando nas proximidades, pouco antes da chegada de fotógrafos da Cruz Vermelha.
O episódio ganha contornos mais graves com o ataque registrado há pouco em Rafah, onde milicianos do Hamas dispararam um RPG contra tropas israelenses posicionadas dentro da chamada “faixa amarela” – zona estabelecida no acordo de cessar-fogo como área autorizada para presença das FDI. A ofensiva configura mais uma violação direta dos termos do acordo vigente.
“O que vemos aqui é uma tentativa deliberada de criar uma narrativa falsa”, afirma o Major Rafael Rozenszajn, porta-voz das FDI para países de língua portuguesa. “Enquanto o Hamas alega dificuldades para localizar os corpos dos reféns falecidos, nossas imagens mostram que eles sabem exatamente onde estão os restos mortais e os manipulam para fins propagandísticos.”
Múltiplas violações do cessar-fogo
O ataque em Rafah soma-se a uma série de descumprimentos do acordo por parte do Hamas. Além das agressões diretas contra forças israelenses em zonas autorizadas, o grupo palestino não tem cumprido com a entrega dos corpos de reféns falecidos, conforme estabelecido nos termos do cessar-fogo.
“As provas são contundentes”, enfatiza Rozenszajn. “A própria encenação documentada demonstra que o Hamas possui informações precisas sobre a localização dos restos mortais. A inteligência israelense já havia identificado estas localizações, e agora as ações do próprio Hamas confirmam que eles detêm esse conhecimento e optam deliberadamente por não cumprir o acordo.”
Segundo as FDI, logo após o reenterro dos restos mortais, representantes da Cruz Vermelha Internacional foram convocados ao local, onde o Hamas encenou a “descoberta” de um refém falecido, como se fosse resultado de buscas recentes.
A guerra paralela das narrativas
O episódio ilustra uma dimensão crucial do conflito entre Israel e Hamas que transcende o campo de batalha: a disputa pela opinião pública internacional. Cada lado busca construir sua própria versão dos fatos, disputando a legitimidade de suas ações perante a comunidade global.
“Esta é uma guerra que se trava também através das câmeras e das redes sociais”, explica Rozenszajn. “O Hamas utiliza organizações humanitárias internacionais como palco para suas encenações, sabendo que as imagens terão grande repercussão mundial. Mas as evidências contradizem frontalmente suas alegações de incapacidade para localizar e entregar os corpos.”
As FDI afirmam ainda que o grupo terrorista tem alegado falta de equipamentos de engenharia para localizar corpos, justificativa que Israel classifica como pretexto para não cumprir com os termos do acordo. “Equipamentos pesados são desnecessários para a transferência de restos mortais cujas localizações eles conhecem perfeitamente”, argumenta o porta-voz.
Padrão de descumprimento
A combinação de ataques militares em zonas protegidas pelo cessar-fogo e a retenção deliberada de corpos de reféns configura, segundo Rozenszajn, um padrão sistemático de violação do acordo. “As evidências visuais da encenação contradizem diretamente as alegações do Hamas de dificuldades operacionais para cumprir suas obrigações”, reitera.
Israel disponibilizou nesta terça-feira (28/10) dois vídeos que comprovam a ação do Hamas com o intuito de criar um cenário adequado para os registros oficiais da Cruz Vermelha: uma versão completa e outra condensada das imagens. As gravações mostram movimentação de pessoas em trajes civis em área de escombros, manipulando restos mortais, retirados de um local onde estariam enterrados, e transferindo para uma área preparada para receber fotógrafos e testemunhas.
A Cruz Vermelha Internacional, que mantém postura de estrita neutralidade em conflitos, não comentou publicamente o episódio específico, limitando-se a reiterar seu compromisso com o trabalho humanitário em Gaza para recuperação de todos os corpos de reféns assassinados pelo Hamas. O grupo terrorista mantém em seu poder os restos mortais de 13 pessoas sequestradas durante o 7 de outubro de 2023 – a maioria, segundo relatos, de pessoas assassinadas na data do massacre e levadas para serem usadas como moeda de troca.




